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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Compartilhar a cama com o bebê é ainda prática comum

Alexandre Faisal

27/03/2015 14h21

 

Compartilhar a cama com o bebê é uma prática perigosa. Um estudo americano investiga as explicações para a manutenção deste comportamento.

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        Compartilhamento de cama entre mãe e bebês é ainda uma prática comum em muito locais e culturas. E trata-se de comportamento que aumenta o risco de mortes súbita do recém-nascido. Em 2011, a Academia de Pediatria americana fez recomendação contra a divisão do leito entre mãe-bebê já que estudos epidemiológicos haviam demonstrado que ela pode aumentar o risco de sobreaquecimento, obstrução das vias aéreas e cobertura da cabeça com asfixia da criança, todos estes fatores de risco para morte súbita. Mas porque alguns pais ainda adotam esta prática?. Este foi o objetivo de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que procurou a partir da revisão da literatura internacional compreender as razões pelas quais os pais escolhem o compartilhamento da cama com sua prole. Trinta e quatro estudos foram selecionados.

         As principais causas apontadas para dormir com o bebê foram por ordem: a amamentação, conforto para a mãe ou bebê, sono mais duradouro ou de melhor qualidade, monitorização dos dados vitais bebê, formação do apego/vínculo entre a mãe e seu filho, causas ambientais tais como falta de berço ou para aquecer o bebê, pelo choro, por simplesmente discordar do perigo, e pelo instinto maternal. Tradição na família foi citada também, em pesquisas feitas nas Ilhas do Pacífico e em certas regiões do México. Em muitos casos as causas se combinavam, mostrando que para terminar com este tipo de atitude é preciso focar em vários aspectos. Mas fica claro que não se trata apenas de cuidados naturais com o bebê. Pelo contrário, para muitos pais é uma mistura de desinformação com preocupação consigo mesmos: dormir pouco, ter que levantar e se esgotar fisicamente ou psicologicamente cuidando do bebê.

          A autora da publicação sugere que os médicos, os pediatras em particular devam discutir o tipo de ambiente de sono infantil, com cada família. Nos casos indicados eles devem intervir assegurando um ambiente seguro de sono para o bebê. Se todos os pais se preocuparem com isso, os bebês poderão realmente dormir em paz.

(Ward. Reasons for Mother–Infant Bed-Sharing: A Systematic Narrative Synthesis of the Literature and Implications for Future Research. Matern Child Health J (2015) 19:675–690)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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