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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Uso de ácido fólico pré-concepcional reduz também risco de abortamento

Alexandre Faisal

22/05/2015 16h19

 

Os benefícios do uso do ácido fólico pré-concepcional para evitar malformações do tubo neural do bebê já são bem conhecidos. Um estudo americano mostra que existem outros benefícios para as futuras mamães.

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          O uso do ácido fólico (AF) de 1 a 3 meses antes da concepção e durante o primeiro trimestre da gravidez já é recomendado há muitos anos como estratégia para reduzir os chamados defeitos do tubo neural do bebê. Eles incluem gama de patologias que são, em geral, gravíssimas, e, eventualmente, incompatíveis com a vida, como no caso da anencefalia. Mas será que existem benefícios adicionais do uso do AF para as gestantes ?. Pois bem, um estudo americano publicado no importante periódico "Obstetrics and Gynecology" avaliou prospectivamente a relação entre a ingestão de ácido fólico previamente à gravidez e o risco de aborto espontâneo e natimortalidade. Os autores usaram dados do estudo Nurses' Health II. As participantes incluídas na análise relataram ter tido uma gravidez entre os anos de 1992 e 2009. O consumo de folato, alimentar ou na forma de suplemento, foi avaliado a cada 4 anos, começando em 1991, por meio de um questionário. Os desfechos relacionados à gestação foram classificados em aborto espontâneo com menos de 20 semanas de gestação, óbito fetal a partir de 20 semanas ou mais de gestação que foram comparados com gestações que resultaram em nascidos vivos, gravidez ectópica ou aborto induzido.

         Dentre as 11.072 mulheres, quase 16 mil casos de gravidez foram relatados, dos quais 17,3% terminaram em aborto espontâneo e 0,8% terminaram em morte fetal após 20 semanas. Comparando as mulheres que mais consumiram folatos com as que menos consumiram menos, observou-se diminuição do risco de abortamento. Quando a comparação foi entre os maiores consumos com ausência de ingestão de folatos, o risco de abortamento foi ainda menor. Cerca de 20% menor. Para morte fetal, observou-se a mesma tendência, ainda que ela não tenha atingido significância estatística.

        Uma curiosidade, essa feliz associação foi primariamente atribuída à ingesta de folato oriundo de suplementos e não da dieta. A mensagem dos autores é muito direta: mulheres que planejam engravidar deveriam fazer uso de folato suplementar para prevenção dos defeitos de tubo neutral da criança e também para reduzir o risco de aborto espontâneo. Mas claro, que isso também se aplica as mulheres que não estão planejando a gravidez, mas que não estão tomando os devidos cuidados para evitá-las.

(Gaskins et al. Maternal prepregnancy folate intake and risk of spontaneous abortion and stillbirth . Obstetrics & Gynecology; 2014;124(1):23-31 )

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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