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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Boa relação com médico influencia evolução da lombalgia

Alexandre Faisal

03/07/2015 14h00

A dor lombar crônica afeta a qualidade de vida de muitas pessoas, principalmente adultos e idosos. Um  estudo alemão avalia se a qualidade da relação médico-paciente interfere na evolução da lombalgia 

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         Dor lombar crônica é um problema comum que afeta a vida de muitas pessoas, ao longo da vida, mas particularmente na idade adulta e terceira idade. O impacto na mobilidade e qualidade de vida é enorme, não restando ao doente senão tratar e tratar, ora com medicamentos ora com fisioterapia. Um tratamento que pode durar muitos anos. Pesquisadores alemães resolveram investigar se a qualidade da relação médico-paciente, o que incluía satisfação com o atendimento, a confiança no médico e participação do paciente, podia ter alguma influência na evolução positiva destes casos de lombalgia. Os resultados são no mínimo instigantes.

         Eles acompanharam 688 pacientes com dor lombar que foram tratados em diversos centros de reabilitação da Alemanha e que eram submetidos a um tratamento multimodal que incluíam abordagem educacional, somática, psicoterápica e social. Na média a duração do tratamento foi de 21 dias A relação com médico foi avaliado segundo vários aspectos por meio de questionários validados aplicados antes e após o tratamento. 57% dos participantes eram mulheres, com idade média de 51 anos. O resultado mais promissor mostra que a boa relação médico-paciente se associa significativamente com melhora de vários parâmetros relacionados a lombalgia. Após 6 meses da reabilitação, o efeito da relação médico-paciente satisfatória é mais evidente do que logo após a reabilitação. Uma das hipóteses para explicar o resultado pode ser a influência positiva de uma boa relação médico-paciente na adesão ao tratamento. O paciente se sentiria encorajado a, por exemplo, participar de grupos de auto-ajuda para lidar com a dor, usar técnicas de relaxamento na vida diária ou engajar-se em exercício, tais como nadar ou caminhar. Uma má notícia para as mulheres, elas não se beneficiaram tanto da relação médico-paciente como os homens. Talvez por elas apresentarem mais dificuldade em se comunicar com seus médicos.

          Final da história, se a relação com o médico é bacana, existe uma maior chance de você ter menos queixas lombares, tais como dor, incapacidade, pior qualidade de vida, e até dor relacionada com comprometimento psicológico. A mensagem que fica para quem sofre das dores lombares é que antes de iniciar qualquer tratamento veja se você e seu médico estão se dando bem.

(Farim et al. The patient–physician relationship in patients with chronic low back pain as a predictor of outcomes after rehabilitation. J Behav Med (2013) 36:246–258)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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