Médicos devem investigar depressão na gravidez e puerpério
Depressão na gravidez e no puerpério não é incomum, ainda que frequentemente subdiagnosticada. As novas recomendações para o rastreamento deste sério problema sugeridas pela Força Tarefa Americana podem mudar este cenário.
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A gestação e o parto são momentos de muita alegria para todas as famílias. Mas isso nem sempre funciona assim. Algumas mulheres na gravidez e no período pós-parto podem se sentir tristes e incapazes de cuidar do bebê. A depressão perinatal ocorrem em cerca de 13% das mulheres e tem vários impactos negativos sobre a saúde mental da mulher, da qualidade do relacionamento e, principalmente sobre o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. Diagnosticar precocemente o problema é importante. No entanto, as mães não se sentem à vontade para falar que estão infelizes quando deveriam estar muito contentes e os médicos não estão treinados ou motivados para fazer esta abordagem. Daí que a nova recomendação da Força Tarefa Americana tem tudo para melhorar este cenário.
A US Preventive Task Force modificou a última recomendação de 2009, face às novas evidências científicas e sugere que obstetras investiguem, por meio de escalas, a depressão na gravidez e no pós-parto. Existem questionários de fácil aplicação e interpretação, com boa sensibilidade, que podem indicar a presença da depressão. A partir daí, o diagnóstico pelo próprio obstetra ou por psiquiatra pode confirmar a doença e permitir o início do tratamento. O tema é polêmico já que o tratamento com antidepressivos se associa com aumento (pequeno) de alguns riscos fetais, tais como malformações cardíacas, parto prematuro e eclâmpsia. Por outro lado, não tratar as mães implica também em riscos obstétricos e dificuldades para desempenho das funções maternas no puerpério. Alguns trabalhos associam depressão perinatal com problemas escolares e instabilidade emocional em crianças maiores. De qualquer modo, muitos concordam que a primeira linha de tratamento, nas formas leves do problema, é a psicoterapia. Indicar ou não o rastreamento de uma doença, seja ela a depressão ou não, implica em avaliar os riscos e benefícios do eventual tratamento. Isso bem claro, se existir um tratamento. No caso da depressão perinatal e também para a depressão nos homens, existe e com eficácia comprovada. E o risco de rastrear é nulo. As gestantes e puérperas não serão prejudicadas por receberem o diagnóstico. Pelo contrário, elas poderão ser acolhidas.
Resumo da história, a nova recomendação deixa claro, a existência de um problema que foi, por muitos anos e razões diversas, relegado a plano secundário. Reconhecer que algumas mulheres ficam tristes nesta fase da vida não é demérito para elas. Muitas inclusive superam a depressão, o que é motivo de felicidade de para maridos, filhos e até dos médicos.
(Siu et al. Screening for Depression in Adults US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA. 2016;315(4):380-387.
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