Zika e microcefalia: onde estamos e onde precisamos chegar
Saiu mais uma interessante publicação sobre a associação entre a infecção pelo vírus Zika e a microcefalia, comentando dados de um caso ocorrido no Nordeste do Brasil. O editorial discute onde estamos e quais são as maiores dúvidas.
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Um editorial recente do "New England Journal of Medicine" discute a epidemia de Zika e sua associação com a microcefalia, com destaque para a descrição de um caso bem documentado de uma mulher oriunda da Europa que se infectou com o vírus da Zika, no nordeste brasileiro e cujo feto desenvolveu mal-formação cerebral e microcefalia. A presença do vírus foi documentada por microscopia eletrônica e por análise de material genético viral. A gestação foi interrompida (tardiamente) por ocasião do retorno da gestante ao seu país. O caso reforça o possível elo entre a contaminação na gestação pelo vírus e a microcefalia, resultante da malformação cerebral. O fato é que o Brasil, em particular, mas outros países da América da Sul e Caribe estão vivendo uma epidemia de Zika, com grave repercussão para as gestantes. Para a maioria das pessoas, o quadro clínico é muitas vezes assintomático ou leve e passageiro.
No entanto, para gestantes admite-se o risco da microcefalia. Mas as dúvidas ainda persistem, segundo os autores do artigo. Primeiro não se sabe qual é o momento de maior risco, nem qual é a magnitude do risco da infecção. Possivelmente, o pior momento é quando a infecção ocorre no início da gestação, considerando que a formação dos órgãos (organogênese) ocorre nos primeiros três meses. Segundo, é preciso desenvolver, urgentemente, um teste rápido, confiável, para uso em larga escala, vez que o teste atual identifica o RNA viral, se mantém positivo, apenas, durante a viremia, que pode ter curta duração. Mais ainda, o teste não pode apresentar reação cruzada com outros vírus, devendo ser específico. Isso é particularmente importante nas áreas onde dengue e chikungunya coexistem. Finalmente, não se sabe se os bebês das gestantes assintomáticas (mas infectadas) ou das gestantes com infecção leve também apresentam risco aumentado de microcefalia.
Dúvidas a parte, a recomendação é atuar em diferentes níveis, desde a erradicação do mosquito Aedes Aegyptia (o que, infelizmente, até agora, não vem dando bons resultados) até melhorias nos serviços de planejamento familiar, pré-natal e nos casos específicos, cuidados as crianças afetadas. Isso para não falar de outro assunto polêmico que é a interrupção legal das gestações cujos fetos são malformados.
(Rubin, Greene, Baden. Zika Virus and Microcephaly. February 10, 2016. NEJM.org.)
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