Dengue também aumenta riscos obstétricos
A atenção da mídia está voltada para o impacto negativo do vírus Zika sobre as gestantes. Uma publicação no "Lancet" mostra que a dengue também acarreta sérias complicações obstétricas
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A atenção da mídia e das gestantes, em particular, está toda voltada para o vírus Zika e a microcefalia. Neste aspecto pouco se fala da dengue. Mas pelo jeito isso vai mudar. E a dengue passará a preocupar também as gestantes. Uma revisão sistemática e meta-análise publicada no periódico Lancet mostra que a infecção por dengue na gestação se associa com diferentes tipos de complicações obstétricas. Os autores incluíram na análise 16 estudos de diversos tipos que abordaram o tema. 2 estudos incluídos na revisão eram brasileiros. No total foram avaliadas 6071 grávidas sendo que 292 foram expostas à dengue durante a gravidez. Vejamos quais foram as complicações. O risco de abortamento foi 3.5 vezes maior no grupo exposto à dengue. Já o risco de parto prematuro e da mulher ter bebê com peso menor do que 2.500 ao nascer foi entre 70 e 40%, respectivamente, maior nas gestantes infectadas.
Existem explicações biológicas para estes resultados. O aumento de mediadores do processo inflamatório tais como citocinas pró-inflamatórias e interleucinas podem, por exemplo, estimular contrações uterinas levando ao parto prematuro. Por sua vez, os sintomas da doença, tal como a diminuição das plaquetas pode resultar em danos para a circulação placentária induzindo o abortamento. Finalmente, ao atingir a placenta, o vírus pode causar danos locais e levar o feto à falta de oxigênio que é causa de retardo no crescimento fetal e até de morte.
Existe ainda uma dúvida se a infecção causa estes danos apenas nos casos sintomáticos ou também nas mulheres infectadas, mas assintomáticas. O problema é muito sério já que estima-se que anualmente 390 milhões de pessoas são infectadas com dengue e 96 milhões desenvolvem sintomas. Estudo realizado no Brasil mostra que 2.8% das gestantes tiveram episódio recente de dengue. Então não faltam motivos para se preocupar. E enquanto os gestores públicos fazem (ou não fazem) a sua parte cabe as gestantes redobrar o cuidado. E, neste caso, o ditado popular precisa ser reformulado: deu zika e deu dengue.
(Paixão et al. Dengue during pregnancy and adverse fetal outcomes: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis 2016 March 3, 2016)
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