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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Experiências negativas no Facebook se associam com maior risco de depressão

Alexandre Faisal

16/12/2016 15h20

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Muitas pessoas vivem conectadas pode meio do Facebook.  Um estudo americano avalia o impacto negativo de experiências negativas com FB em adultos jovens

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          O Facebook (FB) é acessado por um bilhão de usuários de todo o mundo todos os dias. O uso de celulares contribui para este aumento. No Brasil 45% da população usa o FB. Estudos americanos afirmam que 95% dos adultos com idades entre 18 e 33 anos usam a mídia social. Admite-se que estar conectado pode acarretar uma série de benefícios psicológicos, incluindo suporte social e aprovação dos pares. Mas e se a conexão na rede, aquela que não depende do provedor, não for assim tão boa. Estudos indicam que ameaças e outros tipos de incidente ocorrem com até 33% dos usuários das mídias sociais. Será que neste caso, experiências negativas se associam com algum dano psicológico, como, por exemplo, depressão?.  Esta interessante questão foi avaliada por um estudo americano com 264 adultos jovens, com idades entre 21 e 30 anos, que responderam questionários sobre experiências negativas (EN) no FB e depressão. Experiências negativas incluíram bullying, contatos não desejados e desencontros, tais como ser mal entendido ou mal interpretado. Depressão foi avaliada por meio de escala psiquiátrica.

         No total, 82% dos participantes relatam pelo menos uma experiência negativa na vida com FB, sendo que 55% aconteceram no ano anterior à pesquisa. Contatos não desejados e confusões foram os eventos mais comuns. Neste grupo de jovens adultos 24% apresentavam sinais de depressão. Mas o dado mais curioso foi a associação entre EN e depressão: qualquer tipo de EN na vida ou no ano anterior aumentava o risco de depressão em cerca de 2.5 a 3 vezes. E se as EN eram mais freqüentes e intensas pior. A explicação pode estar no estresse gerado pelas frustrações. A pessoa vai ao FB esperando aprovação e apoio e encontra o oposto de quem não gostaria sequer de encontrar. Tanto faz se é ameaça, gozação ou, simplesmente, um "barraco qualquer".  O estresse gerado por esta situação tem potencial para causar dano psicológico. Alguns podem alegar que eventualmente a pessoa já é meio deprimida ou lida mal com eventos adversos. Isso é possível, mas mesmo uma pessoa saudável pode se tornar deprimida se submetida a estresse crônico.

         De fato, o próprio uso do FB, como meio de ostentação do dos bens e conquistas, pode causar em outras pessoas, jovens ou não, um sentimento de menos valia e inferioridade. Os autores concluem o artigo sugerindo novos estudos com inclusão apenas de pessoas não deprimidas no início da pesquisa. Se neste caso as EN do FB resultarem em maior risco de depressão ai sim devemos nos preocupar. Mas mesmo se isso acontecer eu duvido que alguém vá se offline e longe FB.

(Rosenthal et al. Negative Experiences on Facebook and Depressive Symptoms Among Young Adults. Journal of Adolescent Health (2016))

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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