Os riscos do uso excessivo de serviços médicos
O excesso de uso dos serviços médicos é um fato em muitos países, incluindo o Brasil. O periódico Lancet faz um panorama nada animador do problema e aponta os riscos deste fenômeno recente
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O tema é atualíssimo. Em diversos países, tanto de alta quanto média-baixa renda, o fenômeno está cada vez mais freqüente: o excesso de uso de serviços médicos, que engloba também o excesso de diagnósticos e testes laboratoriais e a hipermedicalização. O periódico Lancet abordou o tema recentemente procurando definir melhor os conceitos, as prevalências de cada prática e o local onde elas acontecem. A tarefa não é fácil já que já o próprio conceito de uso excessivo é complexo, e, portanto, difícil de ser mensurado. Uma prática médica excessiva ficaria no meio do caminho entre uma intervenção cientificamente comprovada, com mais benefícios do que danos e outra não efetiva, com mais danos que benefícios. No entanto, até os próprios pacientes podem expressar sentimentos e preferências quanto a estas diferentes práticas, o que levaria, a depender do caso, a aumento ou diminuição do uso excessivo de atos médicos. E para complicar médicos tem dificuldade em entender os valores e preferências dos seus pacientes, no que concerne aos riscos de fazer (ou não) certos exames e procedimentos médicos.
As estatísticas disponíveis em 5 revisões sistemáticas mostram que nos Estados Unidos até 8% dos cuidados de saúde são excessivos. Mas para alguns países, a prevalência chega a 90%. O Brasil (ao lado da Austrália, Israel, Irã e Espanha) está entre os países que mais abusa de práticas médicas desnecessárias. Para fins de exemplo, realizar exames preventivos para câncer de colo uterino em mulheres sem útero ou idosas e dosagem de PSA em intervalos menores que 12 meses estão entre os mais comuns. Ressonância magnética rotineira para lombalgia também. Mas a lista é bem longa. Isso sem contar o uso indiscriminado de antibióticos para infecções do trato respiratório superior, muitas vezes de etiologia viral e, até mesmo, o uso de medicações contra tumores malignos avançados, de prognóstico limitado.
O fato é que o uso inadequado das diversas práticas médicas pode resultar danos físicos, psicológicos e até econômicos para os pacientes. E para piorar todas as especialidades médicas, e praticamente todos os países enfrentam o aumento do fenômeno. Ou melhor, precisam enfrentar.
(Brownlee et al. Evidence for overuse of medical services around the world. Lancet, 2017)
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