Disfunção sexual ao longo da vida afeta até 2/3 das brasileiras
Na sua opinião, a perda do desejo da mulher decorre de…. Clique aqui para votar
A disfunção sexual feminina (FSD) é uma desordem ginecológica descrita como alteração em pelo menos um dos domínios principais da função sexual , incluindo excitação e orgasmo. O impacto negativo sobre o casal e sobre a qualidade de vida da mulher é enorme. Em geral resulta de somatória de eventos fisiológicos, emocionais ou interpessoais. Causas de FSD de ordem anatômica/biológica incluem a mutilação genital, endometriose, câncer ginecológico, incontinência urinária, alterações endócrinas e doenças degenerativas e vasculares. Dentre as causas psicológicas sobressaem a depressão e uso de drogas psicoativas. Como se trata de problema frequente, demanda o reconhecimento e ação de profissionais de saúde por meio de tratamentos médicos e psicológicos. Saber qual a magnitude do problema no Brasil foi o tem de uma revisão sistemática conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Catarina. Trata-se do primeiro estudo deste tipo no país, usando apenas publicações nacionais.
A pesquisa encontrou 113 artigos sobre o tema, dos quais 20 foram usados para estimar a prevalência das disfunções sexuais femininas. Questionários validados avaliaram os diferentes problemas sexuais. Vamos aos principais resultados: a disfunção sexual feminina variou de 13,3% a 79,3% nesta população: sendo que problemas de baixa libido ocorreu entre 11% a 75%, problemas de excitação entre 8% a 68%, lubrificação de 29,0% para 41%, e orgasmo de 18% a55%, e satisfação de 3,3% para 42%; Dispareunia foi bastante comum também (1,2% a 56%). De imediato chama atenção a divergências entre os estudos, atribuída aos métodos de avaliação e as diferenças entre as populações avaliadas. De qualquer modo, o que se observa é alta prevalência de disfunção sexual feminina no Brasil, ocorrendo em 2/3 das mulheres brasileiras. Outra associação merece um comentário. Ser casado não implica apresentar distúrbios da função sexual. Estudos prévios já sugeriam que queixas sexuais são mais frequentes em divorciadas (87%) do que nas casadas (62%) e até solteiras (66%). Em geral, a presença de um parceiro influencia positivamente a função sexual das mulheres e as mulheres que consideram seu relacionamento amoroso excelente apresentam melhores escores do que aquelas que consideram a relação marital satisfatória.Como se sabe, para as mulheres conta mais a qualidade dos relacionamentos e sentimentos para com seus parceiros do que a freqüência da atividade sexual.
Finalmente para quem se surpreendeu com estes números vale lembrar que estudos em outros países, tais como U.K., Finlândia, Austrália e Irã mostram também alta prevalência de disfunção sexual feminina. E no topo da lista de reclamações está o desejo sexual hipoativo. Não chega a ser um consolo, mas é algo que pode ficar esquecido. Não por acaso o artigo sugere a adoção de políticas nacionais de saúde em relação à função sexual. Políticas que promovam a conscientização, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas condições. As mulheres agradecem.
(Wolpe et al. Prevalence of female sexual dysfunction in Brazil: A systematic review. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology 211 (2017) 26–32)
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