Antidepressivos são (realmente) eficazes
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Depressão é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil estudo indicam que entre 5 e 10% da população apresentam a doença. No mundo mais de 350 milhões. Além do impacto negativo na qualidade de vida, a depressão acarreta grande prejuízo econômico e social, levando em conta os dias perdidos de trabalho, a falta de produtividade e custos diretos e indiretos do tratamento. A cifra pode superar os US 210 bilhões ao ano. Uma das estratégias mais usadas para enfrentar este verdadeiro drama é o uso de antidepressivos. Ainda que presentes no mercado há algumas décadas, eles são cercados de desconfiança. A suspeita é que eles não sejam, de fato, muito superiores ao placebo, um tipo de medicação inerte, sem propriedades farmacológicas. Parte da desconfiança se justifica pela incerteza quanto aos mecanismos de ação do antidepressivo. Provavelmente eles agem em nos neurotransmissores em nível cerebral. A boa notícia é que a suspeita é infundada e a credibilidade desta modalidade de tratamento está garantida.
Pesquisadores de Oxford, Bristol e Stanford publicaram no periódico Lancet os resultados de uma meta-análise, a maior até então, sobre a eficácia dos antidepressivos. No total, foram incluídas 522 pesquisas, publicadas entre 1979 e 2016, perfazendo mais de 116 mil participantes, todos maiores de 18 anos, de ambos os sexos, os quais foram alocados para receber um determinado tipo de antidepressivo (21 tipos avaliados) ou placebo, para tratamento de depressão na sua forma mais grave. A média de idade dos participantes/paciente era de 44 anos, sendo 62% mulheres. Os resultados são promissores: a melhora clínica da depressão com as drogas foi de 37 a 113% superior na comparação com uso do placebo. O estudo elabora inclusive um ranking das medicações considerando tanto a eficácia quanto a tolerabilidade. Nem sempre as duas coincidem o que implica em tomada de decisões conjunta pelos clínicos e pacientes. Trata-se de um dos melhores e maiores estudos sobre o tema, que reuniu as melhores evidências científicas publicadas até o presente.
Não se discute no artigo mecanismos de ação e ordem de tratamento para casos de depressão, se psicoterapia ou uso de medicamentos. Isso ainda deve ser definido pelo médico com consentimento do paciente. O tratamento da depressão em geral requer seguimento ao longo do tempo e pode vir acompanhado de períodos de recidiva dos sintomas. A manutenção da droga adequada, na dose certa e com mínimos efeitos colaterais é fundamental. A revisão que acaba de sair tem tudo para ser um guia prático para os profissionais, que também sofrem ao cuidar dos seus pacientes
(Cipriani et al. Comparative efficacy and acceptability of 21 antidepressant drugs for the acute treatment of adults with major depressive disorder: a systematic review and network meta-analysis. Lancet 21/02/2018)
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