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Blog do Dr. Alexandre Faisal

10% das brasileiras que usam pílula apresentam uma contraindicação para uso

Alexandre Faisal

05/10/2018 10h28

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No Brasil, 70% das mulheres em idade reprodutiva utilizam algum método contraceptivo. Os anticoncepcionais orais (ACO) e a esterilização feminina são os métodos mais comuns. Os ACO, quando utilizados correta e continuamente, são seguros e eficazes. Além disso, eles regularizam o ciclo menstrual e contribuem na prevenção de alguns tipos de câncer. No entanto, o uso dos métodos hormonais é restrito as mulheres sem contraindicações. A lista de contraindicações inclui diabetes mellitus com doença vascular, tabagismo em mulheres com 35 anos ou mais, doenças cardiovasculares, tromboembolismo, enxaqueca com aura, e hipertensão arterial, dentre outros. Usar ACO na presença de hipertensão arterial pode aumentar o risco de acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio. Uma forma de adquirir ou iniciar o uso de ACO no Brasil é por meio de consulta com profissional de saúde nos serviços públicos ou privados de saúde. Mas é possível também adquirir o medicamento na farmácia sem a apresentação de prescrição médica.

Quanto ao uso correto, um estudo nacional conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais procurou avaliar a prevalência de contraindicação ao uso de anticoncepcionais orais em mulheres brasileiras. Os autores da publicação usaram dados do Vigitel, pesquisa de base nacional, que entrevistou 54.353 indivíduos em 2008, dos quais 32.918 eram mulheres. As 21.074 com idade reprodutiva (15 a 49 anos) foram incluídas na análise. Os dados mais importantes mostram que na população total, 21,0% das mulheres apresentaram alguma contraindicação ao uso de ACO. Mas apesar disso parte desta mulheres (11.7%) estavam usando ACO. Entre as usuárias de ACO, 10,5% apresentaram uma contraindicação e 1,2% duas condições de contraindicação. As contraindicações mais frequentes foram a HAS (15,1%) e tabagismo em mulheres com idade igual ou maior a 35 anos (2,6%). Outro resultado preocupante é a associação entre menor escolaridade e idade acima de 35 anos com uso contraindicado de ACO. O acesso à informação pode explicar parcialmente estas associações: mulheres mais escolarizadas e no auge da vida reprodutiva podem ter sido melhor orientadas quanto aos diferentes métodos contraceptivos, seus vantagens e riscos.

A pesquisa é útil para o para o planejamento e adequação das políticas públicas, além do direcionamento mais adequado do acesso e da utilização pela população dos métodos contraceptivos. Mas serve de alerta para as mulheres que optam por usar uma pílula quando deveriam usar outro método. Se a gravidez planejada é importante na vida da mulher, mais importante ainda é manutenção da saúde.

(Corrêa DAS, Felisbino-Mendes MS, Mendes MS, Malta DC, Velasquez-Melendez G. Fatores associados ao uso contraindicado de contraceptivos orais no Brasil. Rev Saude Publica. 2017;51:1)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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