Vale a pena repôr testosterona para queda de libido no climatério?
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Especialistas da "International Society for Study of Women's Sexual Health" publicaram um artigo de revisão sobre a epidemiologia, fisiologia, patogênese, diagnóstico e tratamento do transtorno de desejo sexual hipoativo (TDSH), disfunção sexual que afeta aproximadamente 10% das mulheres adultas. Os fatores etiológicos incluem condições ou drogas que diminuem os níveis de dopamina, oxitocina e norepinefrina no cérebro e aumentam os níveis de serotonina cerebral, endocanabinoide, prolactina e opióide. Os sintomas incluem falta ou perda de motivação para participar da atividade sexual devido à diminuição ou ausência de desejo espontâneo, do desejo sexual em resposta ao estímulo erótico, ou da capacidade de manter desejo ou interesse por meio da atividade sexual por pelo menos 6 meses. Tudo isso é claro resulta em grande nível de estresse.
O tratamento segue um modelo biopsicossocial e é orientado pela história e avaliação dos sintomas. A terapia sexual por meio de terapias mente-corpo, terapias cognitivas ou outras formas de terapias psicológicas, tem sido o tratamento padrão, embora haja uma escassez de estudos que avaliem a eficácia de tratamentos medicamentosos. Alguns antidepressivos tem sido usado sem indicação formal, mas há dúvidas quanto à segurança e eficácia. A mesma consideração se aplica ao uso da testosterona, sendo que admite-se que mulheres na menopausa com TDSH são candidatas ao tratamento, já que apresentam declínio dos níveis sanguíneos circulantes de testosterona. Ensaios clínicos confirmam que mulheres menopausadas que usaram adesivos com testosterona apresentaram melhores índices de eventos sexuais e satisfação sexual na comparação com mulheres que receberam placebo. Vale lembrar que mesmo no curto prazo acne, hirsutismo (aumento de pelos) podem ocorrer em até 8% das usuárias. E no uso de longo prazo existem preocupações com a saúde cardiovascular e câncer de mama.
Para complicar admite-se que os benefícios podem não ser imediatos, demorando até algumas semanas. No entanto, na ausência de resultados positivos após 6 meses, recomenda-se interromper a medicação. Aceita-se também que as diferentes modalidades de terapia, psicológica ou medicamentosa, alteram as vias de inibição e excitação em determinadas áreas cerebrais. O artigo enfatiza a necessidade de investigar o problema e oferecer tratamentos individualizados para as mulheres. Como se vê não há solução fácil para um problema tão delicado
(Goldstein et al. Hypoactive Sexual Desire Disorder: International Society for the Study of Women's Sexual Health (ISSWSH) Expert Consensus Panel Review. Mayo Clin Proc. 2017;92(1):114-128)
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