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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Disfunção sexual ao longo da vida afeta até 2/3 das brasileiras

Alexandre Faisal

25/11/2017 08h28

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A disfunção sexual feminina (FSD) é uma desordem ginecológica descrita como alteração em pelo menos um dos domínios principais da função sexual , incluindo excitação e orgasmo. O impacto negativo sobre o casal e sobre a qualidade de vida da mulher é enorme.  Em geral resulta de somatória de eventos fisiológicos, emocionais ou interpessoais. Causas de FSD de ordem anatômica/biológica incluem a mutilação genital, endometriose, câncer ginecológico, incontinência urinária, alterações endócrinas e doenças degenerativas e vasculares. Dentre as causas psicológicas sobressaem a depressão e uso de drogas psicoativas. Como se trata de problema frequente, demanda o reconhecimento e ação de profissionais de saúde por meio de tratamentos médicos e psicológicos. Saber qual a magnitude do problema no Brasil foi o tem de uma revisão sistemática conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Catarina. Trata-se do primeiro estudo deste tipo no país, usando apenas publicações nacionais.

A  pesquisa encontrou 113 artigos sobre o tema, dos quais 20 foram usados para estimar a prevalência das disfunções sexuais femininas. Questionários validados avaliaram os diferentes problemas sexuais. Vamos aos principais resultados: a disfunção sexual feminina variou de 13,3% a 79,3% nesta população: sendo que problemas de baixa libido ocorreu entre 11% a 75%, problemas de excitação entre  8% a 68%, lubrificação de 29,0% para 41%, e orgasmo de 18% a55%, e satisfação de 3,3% para 42%; Dispareunia foi bastante comum também  (1,2% a  56%). De imediato chama atenção  a divergências entre os estudos, atribuída aos métodos de avaliação e as diferenças entre as populações avaliadas. De qualquer modo, o que se observa é alta prevalência de disfunção sexual feminina no Brasil, ocorrendo em 2/3 das mulheres brasileiras. Outra associação merece um comentário. Ser casado não implica apresentar distúrbios da função sexual. Estudos prévios já sugeriam que queixas sexuais são mais frequentes em divorciadas (87%) do que nas casadas (62%) e até solteiras (66%). Em geral, a presença de um parceiro influencia positivamente a função sexual das mulheres e as mulheres que consideram seu relacionamento amoroso excelente apresentam melhores escores do que aquelas que consideram a relação marital satisfatória.Como se sabe, para as mulheres conta mais a qualidade dos relacionamentos e sentimentos para com seus parceiros do que a freqüência da atividade sexual.

Finalmente para quem se surpreendeu com estes números vale lembrar que estudos em outros países, tais como U.K., Finlândia, Austrália e Irã mostram também alta prevalência de disfunção sexual feminina. E no topo da lista de reclamações está o  desejo sexual hipoativo. Não chega a ser um consolo, mas é algo que pode ficar esquecido. Não por acaso o artigo sugere a adoção de políticas nacionais de saúde em relação à função sexual. Políticas que promovam a conscientização, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas condições. As mulheres agradecem.

(Wolpe et al. Prevalence of female sexual dysfunction in Brazil: A systematic review. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology 211 (2017) 26–32)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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