Preferência por cesariana está associada ao medo da dor no parto
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Globalmente, cerca de 6,2 milhões de cesáreas desnecessárias são realizadas anualmente, com um custo aproximado de 2,3 bilhões de dólares. Os dados de 194 países indicam que uma taxa de cesarianas superior a 19% está associada a maior mortalidade materna e neonatal. No entanto, o número de cesariana desnecessárias com suas implicações vem aumentando em diversos países de renda média e média-alta. Incluindo o Brasil. Tentativas de reduzir as taxas de cesariana se concentram na mudança de culturas e políticas hospitalares, atitudes e comportamentos dos prestadores de cuidados e ao aumento do conhecimento das mulheres sobre os benefícios do parto vaginal. Infelizmente, essas estratégias têm sido ineficazes. Uma ideia então seria identificar as preferências relativas ao tipo de parto em jovens que vislumbram a maternidade apenas no futuro. Foi este um dos objetivos de estudo que contou com dados de 8 países que tem acordo de cooperação e desenvolvimento econômico. Além de identificar a porcentagem de mulheres que preferem a cesárea diante de hipotética gravidez saudável, os pesquisadores procuraram conhecer os motivos alegados para optar por uma cesariana e não um parto normal.
Os dados foram coletados por meio de uma pesquisa on-line, em colégios e universidades, dos seguintes países Austrália, Canadá, Chile, Inglaterra, Alemanha, Islândia, Nova Zelândia, Estados Unidos, no período de 2014 a 2015. Os alunos foram perguntados se eles prefeririam um parto vaginal ou cesárea, assumindo que a gravidez era de baixo risco e eles poderiam escolher o tipo de parto. Depois deles marcaram sua preferência por cesárea ou parto vaginal, eles respondiam o motivo da escolha usando uma lista de razões pré-definida. Uma delas, o medo do parto, era avaliada separadamente por meio de uma escala amplamente utilizada neste tipo de pesquisa. A publicação analisou as respostas de mais de 3600 mulheres, sem filhos, com idades entre 18 e 40 anos de idade e que planejavam ter pelo menos uma criança no futuro. Os resultados mostram que uma em dez mulheres jovens preferia a cesariana, variando de 7,6% na Islândia a 18,4% na Austrália. As razões mais frequentes para tal escolha foram o medo da dor incontrolável e o medo do dano físico. Tanto o medo do parto quanto as preferências por CS diminuíram se o nível conhecimento das mulheres sobre a gravidez e o nascimento era maior.
Com base nisso eles sugerem estratégias inovadoras que precisam ainda ser testadas: sessões de educação por meio da internet e das mídias sociais, e a dramatização de histórias contadas por colegas (jovens que tiveram bebês) ou até mesmo celebridades. Com isso poderia ocorrer aumento da capacidade das jovens mulheres para entender a fisiologia do trabalho de parto e parto, a variedade de métodos disponíveis para ajudá-los a lidar com a dor neste momento. reduzindo assim o medo de dor, danos corporais e perda de controle. E uma ideia ainda mais interessante é que esta educação deva ocorrer precocemente. Talvez mesmo antes dos 10 anos de idade, na escola primária ou secundária. Ao educar as mulheres jovens sobre o parto seria importante enfatizar o baixo risco geral de complicações graves aliada a alta probabilidade de ter uma gravidez saudável e parto normal.
Um detalhe final, os homens não ficarão de fora destas inovações. Como estudo prévio realizado na Suécia confirma que as atitudes dos homens, especificamente sobre o medo do parto, estavam fortemente ligadas às decisões da mulher sobre o tipo de parto, os autores afirmam que é importante incluir homens em futuros estudos. A ideia é boa mas vamos ver o que eles pensam .
(Stoll et al. Preference for cesarean section in young nulligravid women in eight OECD countries and implications for reproductive health education. Stoll et al. Reproductive Health (2017) 14:116
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