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Blog do Dr. Alexandre Faisal

10 minutos de atividade física intensa reduz risco de morte

Alexandre Faisal

12/04/2018 22h03

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Inúmeros estudos indicam que o sedentarismo está associado à série de riscos graves para a saúde em adultos. O excesso de tempo gasto em atividades sedentárias é fator de risco para mortalidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, cardiovascular doença (DCV) e câncer. Mas será que dá para estimar qual o benefício de substituir um comportamento sedentário por um comportamento com mais atividade física (AF). A resposta é sim e quem explica é um grupo de pesquisadores do Instituto Karolinska da Suécia e pesquisadores finlandeses. Eles usaram um modelo analítico, chamado isotemporal, para estimar o efeito positivo da substituição do comportamento sedentário por AF, considerando sempre a mesma quantidade de tempo. Os desfechos foram mortalidade por todas as causas, por doença cardiovascular (DCV) ou câncer. Os participantes, 851 mulheres e homens, todos com mais de 50 anos, foram seguidos por 15 anos e tiveram registros da atividade física, se atividade sedentária, leve ou moderada/intensa, por meio de acelerômetro. Os dados de mortalidade foram obtidos de registros governamentais suecos. Vamos aos resultados.

Ao longo do estudo ocorreram 79 mortes (24 mortes por DCV, 27 por câncer e 28 por outras causas). Na média as pessoas passavam 8 horas por dia em atividades sedentárias. No entanto, o dado mais interessante confirma que a substituição de 30 minutos/dia, de sedentarismo por AF de intensidade leve foi associada a redução significativa de 11% no risco de mortalidade por todas as causas, sendo que a redução no caso de DCV foi de 24%. Já a substituição de 10 minutos de tempo sedentário por atividade moderada/intensa reduziu o risco de morte por DCV em 38%. Não foram encontradas reduções estatisticamente significativas para a mortalidade por câncer.

Os resultados desta pesquisa vão na mesma direção de estudos prévios que mostraram que mais do que 7.5 horas por dia de sedentarismo aumenta bastante o risco de morte. E sobram explicações fisiológicas para  fundamentar estes estudos. No caso desta pesquisa sueca, em particular, há um detalhe novo:  é a observação de que 10 minutos de atividade moderada/intensa já é bastante saudável, e pode ser mais adequado para muitas pessoas que hesitam em fazer AF leve por 30 minutos diários. O fato é que não fazer nada ou quase nada impacta negativamente a saúde e isso pode ser revertido com um pouco de movimentação, exercício ou atividades físicas específicas. Para quem está preocupado em viver longamente, vale a sugestão: agite-se.

(Dohrn et al. Clinical Epidemiology 2018:10 179–186. Replacing sedentary time with physical activity: a 15-year follow-up of mortality in a national cohort)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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