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Saiba como cesariana na 39a semana reduz os riscos fetais

Alexandre Faisal

01/07/2016 10h33

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A nova resolução do Conselho Federal de Medicina sobre a realização de cesariana na 39a semana de gestação visa reduzir riscos fetais. Conheça os riscos fetais da cesariana realizada precocemente  

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         O Conselho Federal de Medicina  divulgou recentemente norma para a realização de cesariana com intuito de diminuir riscos fetais. A medida (2144/2016) determina que cesarianas só possam ser agendadas com 39 semanas de gestação. Até então era facultado ao médico e paciente a interrupção da gravidez em fases anteriores da gravidez, por exemplo 38 ou 37 semanas. No geral a regra foi bem aceita por médicos e gestantes ainda que isso signifique uma redução do período  para a programação do parto, com óbvias implicações para a agenda de obstetras. Eles terão que estar mais disponíveis. As próprias futuras mamães terão que se adequar já que atualmente o parto programado se transformou em ritual social, onde se mesclam uma série de fatores e eventos todos relacionados ao nascimento do bebê: a chegada dos parentes, o mapa astral do bebê, o fim de semana, etc.

        A limitação na autonomia de médicos e parturientes tem, no entanto, sua contrapartida. Cesariana com 39 semanas é muito melhor para o bebê. A cesariana mais próxima da data provável de parto (40 semanas) reduz o risco de várias complicações neonatais: icterícia, hipoglicemia, dificuldade no controle da temperatura corporal, hemorragia cerebral e dificuldades respiratórias. Para citar alguns exemplos, estudos indicam   que o risco de morbidade respiratória diminui progressivamente com o tempo de gravidez. Na comparação com bebes que nascem por meio de parto vaginal, o risco de complicações respiratórias na cesariana varia de 4 vezes na 37a  semana a 2 vezes na 39a semana. Do mesmo modo, um estudo Australiano, com análise de dados de mais de 1 milhão de nascimentos, mostra que, em gestantes de baixo risco obstétrico,  o nascimento por meio de cesariana na comparação com parto normal aumenta significativamente o risco de admissão na UTI. E quanto mais precoce a cesariana maior o risco, variando de 15 vezes na 37a semana a 5 vezes na 39a semana. Muitos estudos apontam na mesma direção. O pior que é que nem sempre isso está bem claro para as pessoas envolvidas com o parto. Mas felizmente as coisas estão mudando. E a norma do Conselho Federal de Medicina vai nesta direção. Ela coloca um pouco de ordem nesta polêmica questão e ainda por cima conscientiza as pessoas que complicações obstétricas existem. E que vale apena evitá-las.

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Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

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