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Pediatras perdem oportunidade de discutir com pais a vacinação contra HPV

Alexandre Faisal

15/07/2016 13h26

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Muitas evidências científicas confirmam o benefício da vacinação precoce de jovens contra o HPV para prevenção de câncer de colo uterino. Um estudo americano avalia se os pediatras estão, realmente, aproveitando a oportunidade, nas consultas médicas, para propor a vacinação      

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        O inimigo mora em casa. A frase que cairia bem num filme de terror pode ser aplicada à recomendação de alguns médicos para suas jovens pacientes ou aos pais delas. Estamos falando da desconfiança em relação à vacinação contra HPV e dos resultados de um inquérito realizado nos Estados Unidos, entre Outubro de 2013 e Janeiro de 2014, que mostra que não apenas na população em geral, mas também entre os médicos há ceticismo quanto à vacina. Pediatras e médicos de família foram questionados sobre a indicação da vacina contra HPV para prevenção do câncer de colo. Os resultados mostram que para as meninas com idades entre 11 e 12 anos de idade, cerca de 60% dos entrevistados recomendavam, fortemente, a vacinação. Os números para os meninos eram pouco menores, entre 41 e 52%. Na consulta de rotina ao redor dos 11 ou 12 anos entre 75% e 84% discutiam a questão da vacinação.

        Isso parece bom, mas se lermos os dados, por outro lado, observamos que até 25% dos médicos não tocam no assunto da imunização para HPV. E perdem uma oportunidade de atuarem em prol das suas jovens pacientes. Atualmente diversas entidades recomendam a vacina para crianças entre 11 e 12 anos, porque aceita-se que ela é mais eficaz se for dada antes do início da atividade sexual. Diversos países inclusive preconizam vacinação até 25 anos ou mais. E, de fato, tem que fazê-lo já que quase uma em cada 4 pessoas nos Estados Unidos está infectada com pelo menos um tipo do papiloma vírus humano ((HPV), sendo que mais ou menos 27000 casos de câncer são provavelmente causados pelo vírus a cada ano.

         A explicação para tal falta de informação por parte de quem deveria informar recai sobre crenças e interpretações errôneas sobre as atitudes dos pais das crianças. Eles alegam, também, como motivos para não vacinar que a criança é jovem demais e que não iniciou vida sexual, o que, de fato, são bons motivos para vacinar. Os médicos também assumem, erroneamente ou precipitadamente, que os pais não vão aceitar a vacinação dos filhos, ainda que não tenham perguntado isso diretamente para eles. A importante questão levantada pelo artigo mostra que é preciso abordar a percepção dos médicos sobre a aceitação dos pais da vacina contra o HPV. E neste caso tratar a cabeça, o preconceito, a desinformação destes profissionais. Estas jovens crianças só tem a ganhar com este tratamento dos seus pediatras.

(Allison MA, Hurley LP, Markowitz L, et al. Primary Care Physicians' Perspectives About HPV Vaccine. Pediatrics.2016;137(2):e20152488)

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Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

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