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9% das mulheres americanas sofrem de depressão mas poucas são tratadas

Alexandre Faisal

19/07/2018 22h25

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A depressão é grave problema de saúde pública que afeta a vida de muitas pessoas, de diversas maneiras. Co-morbidades, perda de dias de trabalho, isolamento social e até risco de suicídio. No caso das mulheres há forte ainda risco adicional de depressão na gravidez, com diferentes impactos negativos na gestação ou na construção do vínculo com o bebê. Muitas mulheres que sofrem de depressão na gravidez já apresentavam os sintomas antes da gestação. Um estudo americano procurou estimar a prevalência e os preditores de depressão, nas suas formas mais e menos graves, bem como o uso de antidepressivos, em mulheres não grávidas em idade fértil. Os pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, usaram dados de pesquisa de base populacional, "National Health and Nutrition Examination Surveys", de 2007 a 2014. Nesta publicação foram analisados dados de 3.705 mulheres.

As prevalências de depressão maior e menor foram respectivamente 4,8% e 4,3%. Em relação ao uso de medicamentos antidepressivos apenas 1/3 das mulheres com depressão maior estava usando. E este número era ainda menor para casos de depressão menor: 20,0%, ou seja, uma mulher em cada 5. Os fatores mais fortemente associados à depressão maior foram ter assistência pública de saúde, ser hipertensa e menor escolaridade. A mensagem mais relevante é que muitas mulheres em idade fértil que apresentam depressão (e provavelmente outros transtornos do humor) ficam sem tratamento medicamentoso, que tem comprovada eficácia.  E acabam por perpetuar ciclo vicioso em que o sofrimento psíquico impede o tratamento que, por sua vez, contribui negativamente para a evolução do quadro.

Uma das propostas de muitas forças tarefas em saúde é rastrear ,por meio de questionários ou perguntas diretas, o estado de humor da mulher. Imagina-se que esta investigação, mesmo na ausência de queixas ou sintomas relatados, possa contribuir para a redução do problema. Esta proposta se aplica as mulheres em idade fértil e também as gestantes. Isso sim seria um motivo de comemoração.

(Guo et al. Prevalence of Depression Among Women of Reproductive Age in the United States. Obstet Gynecol 2018;131:671–9)

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Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

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