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Depressão aumenta em 67% o risco de morte em idosos de Florianópolis

Alexandre Faisal

18/11/2020 12h50

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          Depressão é um grave problema de saúde pública com enorme impacto na qualidade de vida da pessoa. A depressão se associa com diferentes danos à saúde, interação social e prejuízos econômicos. Pode-se imaginar que é um típico problema de cidades grandes onde o estresse é a regra. Mas não é bem assim como mostra um interessante estudo nacional realizado em Florianópolis, cidade que é o sonho de vida de muitos brasileiros. Os pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e de outras instituições acadêmicas seguiram no período entre 2009 e 2014, 1.391 pessoas, no estudo denominado EpiFloripa Ageing Cohort Study para avaliar o impacto dos sintomas depressivos na mortalidade. A idade dos participantes variou de 60 a 104 anos (média de 70 anos). Os sintomas depressivos foram avaliados por meio da Escala de Depressão Geriátrica e eles avaliaram o intervalo de tempo entre a idade do primeiro contato, e o tempo de término do estudo, que poderia ser a idade do último contato ou o óbito do participante. Questionário avaliou outras variáveis tais como sexo, educação, renda, trabalho remunerado, tabagismo, consumo de álcool, morbidades, uso de medicamentos, atividade física, deficiência, deficiência cognitiva, e índice de massa corporal.

Quanto aos resultados, 23.5% das pessoas apresentavam sintomas depressivos. Mais interessante foi a observação de que indivíduos com sintomas depressivos apresentaram um risco de morrer, ajustado por todas as variáveis, 67% maior na comparação com participantes sem sintomas depressivos. Estes dados reforçam achados de outros estudos internacionais e nacionais. A associação entre gravidade dos sintomas depressivos, incluindo a duração dos mesmos, e risco de mortalidade foi observada também no estudo ELSA, onde havia clara associação tipo dose-resposta entre a duração dos sintomas depressivos e o risco de mortalidade. Essa associação foi parcialmente explicada por deficiências funcionais e doenças físicas, inatividade física e função cognitiva deficiente. No entanto, uma boa notícia: esta relação entre duração da depressão e mortalidade é atenuada por níveis de atividade física atividade e pela melhor função cognitiva. Quanto aos fatores de risco para mortalidade dos idosos dá quase para dizer que não há grandes novidades: qualquer consumo de tabaco se associa com maior risco, enquanto consumo moderado de álcool é protetor se comparado a nenhum consumo de álcool. Tabagismo é outro fator de risco. A atividade física se associou com menor risco de morte no modelo não ajustado.

Outro dado interessante do estudo é a maior ocorrência de depressão entre as mulheres na comparação com os homens. Um fato comum em pesquisas do mundo inteiro. Uma possível explicação para isso reside no fato de que as mulheres são mais propensas a usar os serviços de saúde e, assim, obter um diagnóstico precoce e tratamento adequado. Mas, felizmente, pelo menos para elas, na pesquisa ser mulher não mudou significativamente o risco da mortalidade. Elas devem estar pensando: menos mal. E que isso seja um ótimo estímulo para ficar mais feliz.

(Corrêa et al. Depressive symptoms as an independent risk factor for mortality. Braz J Psychiatry. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/1516-4446-2019-0749)

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Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

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