Desde quando mulheres vivem mais do que os homens?

A maior expectativa de vida das mulheres na comparação com os homens acontece em todos países do mundo. Um artigo discute desde quando e porque isso ocorre? 

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          Apesar dos muitos problemas como discriminação, preconceito e até diferentes tipos de violência, a expectativa de vida das mulheres é maior do que a dos homens em todos os países do mundo. Uma variação que chega a 7 anos em algumas localidades. Saber quando se inicia historicamente esta diferença e os motivos foi o tema de uma publicação no periódico "PNAS". Os autores usaram dados históricos de 1763 coortes de nascimentos no período de 1800 a 1935, em 13 países desenvolvidos. Os resultados ajudam a compreender a realidade atual e o que para muitos é visto como a normalidade.

         A primeira conclusão é que o excesso de expectativa de vida feminina na idade adulta é um fenômeno demográfico que surgiu entre pessoas nascidas no final de 1800 ou, similarmente, que o excesso de mortalidade excesso masculina ocorreu em grupos etários específicos, como homens na faixa dos 50 aos 70 anos. Até 1880 a taxa de mortalidade homem:mulher era de 1:1. Mas a partir só cresceu. A explicação reside nas mortes por doença cardíaca, principalmente para aqueles indivíduos que nasceram depois de 1900. Um dado muito interessante, os autores mostram que o tabagismo foi responsável por cerca de 30% desta mortalidade entre homens maduros no período de 1900 a 1935. A partir dai o impacto do tabagismo sobre mortalidade variou conforme o consumo de tabaco do país: em países como Reino Unido e Estados Unidos onde se observou redução do consumo, ele obviamente foi menor.

          Mas o tabagismo não foi o único culpado. Possivelmente fatores dietéticos tais como consumo de gorduras animais, hábitos de vida inadequados, sedentarismo e até predisposição genética para doença cardiovascular também contribuem. Como se vê, nesta luta para continuar vivo por muito tempo, as mulheres levam a melhor e não é de hoje que isso acontece.

(Beltrán-Sánchez et al Twentieth century surge of excess adult male mortality. PNAS | July 21, 2015 | vol. 112 | no. 29 | 8993–8998)