Risco de morte materna relacionado à interrupção legal da gravidez é raro
A interrupção legal da gravidez, permitida apenas em algumas situações no Brasil, é tema controverso que mescla questões políticas, religiosas e de saúde. Um estudo americano estima a mortalidade materna relacionada ao procedimento
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A discussão é atualíssima no contexto brasileiro quando são discutidas, no congresso nacional, medidas ainda mais restritivas para a interrupção legal da gravidez. Cabe lembrar que aqui como no Estados Unidos, metade ou mais das gestações não são planejadas. Porém lá, cerca de 40% destas gestações resultaram em aborto induzido, um procedimento legal. Estima-se que cerca de 1,1 milhão de abortos induzidos legais foram realizados nos Estados Unidos em 2011. Desde a sua legalização em 1973, a taxa americana de mortalidade por aborto induzido legal tem-se mantido muito baixa, com 1 morte por 100.000 procedimentos de aborto relacionadas ao abortamento. Pesquisadores procurarm avaliar se mudanças no perfil reprodutivos das mulheres e nas técnicas de interrupção legal da gravidez, como por exemplo, o uso de medicamentos abortivos, interferiram nesta taxa. Eles avaliaram dados de mortes maternas relacionadas ao abortamento legal no período de 1998 a 2010 a partir de uma grande banco de dados nacional.
Vejamos os resultados mais importantes. Durante este período foram realizados cerca de 16,1 milhões de procedimentos abortivos, sendo que 108 mulheres morreram em decorrência da intervenção. Isso significa uma taxa de mortalidade de 0,7 óbitos por 100.000 procedimentos em geral. Uma taxa que variou de 0,4 mortes para as mulheres brancas não-hispânicas a 1,1 mortes para as mulheres negras e que aumentou com o tempo de gestação. Outro dado importante é que a maioria das mortes relacionadas com o aborto até 13 semanas de gestação esteve associada à a complicações anestésicas e infecção, enquanto a maioria das mortes relacionadas com o aborto em mais de 13 semanas de gestação foram associadas com a infecção e hemorragia.
A conclusão é que, felizmente, a morte associada ao abortamento legal é evento raro e que quanto mais precoce for a interrupção da gestação menor o risco para a mulher. No Brasil, a questão do abortamento legal é complexa e está longe de alcançar consenso. Mas se a questão é a segurança da mulher, os dados americanos, ao contrário do que ocorre por aqui, servem para mostrar o que pode ou não salvar vidas.
(Zane et al. Abortion-Related Mortality in the United States: 1998-2010. Obstet Gynecol. 2015 ;126(2):258-65.)
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