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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Reposição hormonal por via oral ou transdérmica?

Alexandre Faisal

21/08/2016 17h20

 

Mulheres que precisam da terapia de reposição hormonal se preocupam com possíveis riscos associados ao tratamento e querem saber qual modalidade é mais segura. Um estudo francês avalia o risco de derrame (acidente vascular cerebral isquêmico) em diferentes tipos de terapia hormonal  

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         O número de mulheres na menopausa que usam reposição hormonal (RH) caiu significativamente ao longo dos últimos anos. No entanto, a eficácia deste tipo de terapia é incontestável e muitas mulheres não conseguem prescindir do tratamento. Assim é muito importante saber qual modalidade de tratamento é mais indicada ou tem menos riscos, incluindo o acidente vascular cerebral (derrame). Um estudo caso-controle realizado na França procurou avaliar a relação entre o tipo de RH e acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). Foram avaliadas todas as mulheres com idades entre 51 a 62 anos, no período de 2009 e 2011, que não apresentavam história pessoal de doença cardiovascular ou contra-indicação para a RH. Neste grupo, foram identificadas 3144 casos de derrame isquêmico que foram comparados a 12158 mulheres, da mesma idade e região, sem derrame (os chamados controles). Dentre os resultados mais importantes destaca-se o maior risco de derrame entre as usuárias de estrôgeno por via oral: um aumento de 58% no risco.  E o risco era dose-dependente, ou seja, mais reposição mais risco. Já para a via transdérmica, a associação não foi significativa.

       Outro dado interessante;  apenas um tipo específico de progesterona, a norpregnana, também aumentou o risco de AVCI. A mensagem final do artigo é que a reposição com estrógenos transdérmicos é opção mais segura para o uso de terapia hormonal de curto prazo. Segundo os autores e de acordo com estudos prévios, o uso da via transdérmica na comparação com a via oral evitaria 22 casos de derrame dentre 10 mil usuárias da reposição hormonal. Outros 30 casos de trombose também seriam evitados. Muitas mulheres podem pensar que são poucos casos, mas considerando a gravidade e o potencial dano do derrame fica claro que não é bem assim. E que existe sim uma diferença entre as opções de tratamento que precisa ser discutida e aprovada no início do tratamento. Mas eu imagino que nesta fase da vida, dificilmente as mulheres façam algum coisa sem querer: Incluindo a reposição hormonal

(Canonico et al. Postmenopausal Hormone Therapy and Risk of Stroke Impact of the Route of Estrogen Administration and Type of Progestogen Stroke  2016; 47:1734-1741).

 

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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