Natal e Ano Novo são períodos de risco para infarto do miocárdio
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Doença isquêmica do coração está diminuindo em países de alta renda, mas continua sendo a causa mais comum de morbidade e mortalidade em todo o mundo. O entendimento atual é que a doença é multifatorial com fatores de risco predisponentes modificáveis e não modificáveis. Estudos também mostraram que fatores externos podem estar envolvidos no desencadeamento do início do enfarte do miocárdio ao provocar a ruptura de placas instáveis.
Fatores externos, como terremotos, furacões e guerras, bem como eventos esportivos e volatilidade do mercado de ações, têm sido repetidamente associados a um maior risco de infarto do miocárdio. Será que no mundo ocidental o dia de Natal e de Ano Novo aumentam o risco de infarto também?. Como curiosidade histórica Sir Winston Churchill teve infarto do miocárdio durante a visita a Casa Branca no Natal de 1941. Pois bem, um estudo retrospectivo realizado na Suécia procurou avaliar se feriados nacionais, e grandes eventos esportivos se associavam com o início do infarto miocárdica. Eles usaram dados de 283 014 casos de infarto do miocárdio relatados para as unidades coronarianas em todo o país no período entre 1998 e 2013. O início dos sintomas foi documentado para todos os casos e foram usadas como datas principais dos eventos as férias de Natal e ano novo, Páscoa e verão, além dos infartos que ocorreram durante uma Copa do mundo da FIFA, Campeonato Europeu de futebol e jogos olímpicos de inverno e de verão. Como critério de comparação foram avaliados os infartos que ocorreram nas duas semanas antes e depois de um feriado (período de controle), e no caso de eventos esportivos, o período de controle foi definido como a mesma data um ano antes e um ano depois do torneio. Vamos aos resultados: os Feriados de Natal e verão se associaram com um maior risco de infarto do miocárdio (aumento de 15% da incidência). O maior período de risco, com aumento de 37% no risco de enfartar, foi observado na véspera de Natal. Não houve aumento do risco durante feriado da Páscoa ou eventos esportivos.
Um detalhe importante, os resultados foram mais pronunciados em pacientes com idade acima de 75 e naqueles com diabetes e história prévia de doença arterial coronariana. A explicação é que em pacientes vulneráveis, o Natal e férias de verão aumentam o risco de infarto. Uma hipótese para estes dados é que as atividades e emoções associadas a feriados podem resultar no infarto do miocárdio secundário a isquemia, devido ao aumento da demanda de oxigênio em idosos e pacientes mais doentes. A partir destes resultados pode-se pensar que pessoas mais vulneráveis devam ser aconselhadas sobre este risco associado ao Natal e férias de verão proporcionando assim medidas terapêuticas mais rápidas e efetivas.
Muitos brasileiros podem estar questionando como os suecos não enfartam assistindo jogos de futebol. Outros devem estar comemorando o fim do Natal e Ano Novo
(Mohammad et al. Christmas, national holidays, sport events, and time factors as triggers of acute myocardial infarction: SWEDEHEART observational study 1998-2013. BMJ 2018;363:k4811 http://dx.doi.org/10.1136/bmj.k4811 )
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