Diferença de gênero pode explicar menor salário das médicas brasileiras ?
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O desenvolvimento da mulher na área educacional e profissional é sem precedentes nas últimas décadas. No entanto, as desigualdade de oportunidades e de tratamento entre as mulheres e os homens persistem nos mercados de trabalho globais. Ainda que a disparidade salarial entre homens e mulheres tenha sido reduzida em muitos países, em algumas profissões ela está longe de ser eliminada. A depender da diferença, a desigualdade salarial tem importantes efeitos sobre a saúde e bem estar da pessoa. Estatísticas sugerem que na média a mulher ganha 77% da renda do homem, ou seja, 23% a menos. Essas disparidades são menos proeminente em profissões tradicionais como medicina, engenharia e direito. Mas nem tanto como mostra uma publicação de pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, no periódico BMJ Open. Os autores objetivaram descrever os fatores associados à diferença salarial entre médicos e médicas no Brasil. O estudo conduzido em 2014 usou dados coletados por telefone de 2400 participantes. Apenas o salário ganho com a profissão médica foi considerado como o desfecho mais importante. Foram analisadas as características sociodemográficas e de trabalho dos profissionais brasileiros. O resultados mais importante mostra que a probabilidade de homens receberem a maior faixa salarial mensal é maior que a das mulheres. Quase 80% das mulheres estão concentradas nos três categorias salariais mais baixas (≤US$ 3857, US$ 3587-5381 e US$ 5381–7175), enquanto 51% dos homens estão na três categorias mais altas (US$ 7175-8969; US$ 8969–10 762 e ≥US$ 10762). Para dar um exemplo, na categoria de 20 a 40 horas de trabalho por semana, a proporção dos profissionais de saúde que recebem mais de US$ 10.762 por mês é de 2.7% para as mulheres e 13% para os homens.
A explicação para esta disparidade salarial poderia estar em outro local: a carga de trabalho, anos de profissão, fazer ou não plantões, ter consultório, o tipo de especialidade, entre outras. Mas aí entra outro dado interessantíssimo do estudo: após ajuste para diferentes características relacionadas ao trabalho, a diferença salarial persistiu. No modelo final ajustado por todas as variáveis que poderiam confundir a associação entre renda mensal e gênero, a probabilidade de homens receberem o maior nível salarial (≥US$ 10 762) é de 17,1%, enquanto para as mulheres a probabilidade é 4,1%. Tudo isso para mostrar que a desigualdade salarial entre médicos e médicas no Brasil pode ser explicada apenas pela diferença de gênero. O que é paradoxal, levando em conta a situação atual do país onde é crescente o número de mulheres exercendo a profissão ou nas escolas de medicina. Os homens ainda dominam as especialidades médicas como maior potencial de ganho, tais como a cirurgia geral, cardiologia e ortopedia/traumatologia, enquanto as mulheres estão mais nas áreas, habitualmente, menos remuneradas, tais como clínica geral, pediatria, medicina de família, e ginecologia e obstetrícia. Mas isso pode mudar com o tempo. Em 2014, havia quase 400 mil médicos brasileiros com registro médico ativo no Conselho Nacional de Medicina. Eles e todos os futuros médicos do país tem, além da saúde da população, pelo menos mais um desafio a enfrentar: a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
(Cassenote AJF, Guilloux AGA, et al. What explains wage differences between male and female Brazilian physicians? A cross-sectional nationwide study. BMJ Open 2019;9:e023811. doi:10.1136/ bmjopen-2018-023811)
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