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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Vida sexual se intensifica após 50 anos de casamento

Alexandre Faisal

22/03/2015 14h52

Existe uma crença de que a vida sexual do casal declina com os (muitos) anos do casamento. Um estudo americano questiona este dado e apresenta resultados surpreendentes sobre a sexualidade dos casados de longa duração.

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         Sabe aquela história de que à medida que os anos passam, a vida sexual do casal definha?. De que os muitos anos de casamento fazem mal a vida sexual do casal?. Pois bem, isso pode não ser verdade. Ou pelo menos, esta história não é totalmente verdadeira. Esta é a conclusão de um estudo com 1656 adultos casados, com idades variando de 57 a 85 anos, realizado nos Estados Unidos. A pesquisa, publicada no "Archives of Sexual Behaviour", faz parte do estudo "National Social Life, Health and Aging Project", nos anos de 2005-2006. Vejamos os resultados e suas possíveis explicações. Para começar, algo já conhecido: nas fases iniciais do casamento quando as pessoas normalmente estão apaixonadas, a vida sexual é mais intensa. A medida que os anos passavam (e provavelmente a paixão diminuía) a vida sexual declinava.

          Mas aí vem a surpresa: após mais de 50 anos as pessoas relatavam um aumento de atividade sexual. Isso mesmo, aumentar em vez de diminuir. A ponto dos autores afirmarem que uma pessoa casada há 50 anos fazia um pouco menos de sexo do que aquele indivíduo casado há 65 anos. Adotando o padrão de até 3 relações sexuais por mês, as chances do casal de terem vida sexual variavam da seguinte maneira: 65% para casados há 1 ano, 40% para casados há mais de 25 anos, 35% para 50 anos e surpresa (surpresa mesmo) 42% para mais de 65 anos de casado. A explicação para tais dados repousa numa contradição. Se por um lado, o hábito e a rotina são inimigos da intensidade sexual, por outro lado, anos de convivência criam uma intimidade fundamental que incrementa a vida sexual. É o que o autor chamou com propriedade de "capital de relacionamento". Adultos mais velhos sabem que podem (ou só podem) contar com as respectivas parceiras ou parceiros. E vêem uns aos outros como se tivessem 30 ou 40 anos a menos. Nada mais erótico.

         O tipo de estudo apresenta uma limitação que impede de estabelecer se ficar casada leva as pessoas a ter mais sexo ou se fazer mais sexo faz o casamento durar mais. De qualquer modo, se o estudo estiver correto podemos garantir para os descrentes: existe sexo após o casamento.

(Stroope et al. Marital Characteristics and the Sexual Relationships of U.S. Older Adults: An Analysis of National Social Life, Health, and Aging Project Data. Archives of Sexual Behavior 44,(1): 233-247, 2015 )

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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