Nova droga para tratar falta de libido feminina gera polêmica
Uma nova droga para tratar o desejo sexual hipoativo feminino pode estar disponível no mercado, em breve. Um estudo avalia se a balança eficácia-efeitos colaterais da medicação compensa mesmo
Você usaria uma medicação para melhora o desejo sexual mesmo que ela acarretasse muitos efeitos colaterais ? Clique aqui para votar
A mídia veiculou com destaque a aprovação do conselho consultivo da FDA (food and Drug Admistration), a agência americana que regulamenta e fiscaliza alimentos e remédios, de uma nova droga para tratar da falta de desejo sexual feminino. A droga que vem sendo chamada de novo Viagra feminino pode vir a ser um verdadeiro sucesso comercial. Mas o mecanismo da droga, que interfere na liberação de neurotransmissores e circuitos do prazer cerebral, nada tem a ver com o mecanismo das drogas usadas na disfunção erétil masculina. A aprovação da Flibanserina, no entanto, foi acompanhada de uma série de precauções e advertências, em função da presença de diversos efeitos colaterais observados nos estudos clínicos. A lista de efeitos indesejáveis inclui tontura, náusea, fadiga, sonolência e risco de queda de pressão e desmaio. Entre as medidas de gerenciamento de risco do uso da medicação foram mencionadas certificação dos médicos que prescrevem a droga, que ainda serão checados pelas farmácias e registro das usuárias.
Um dos estudos sobre eficácia da nova droga foi feito com mais de 1000 mulheres, com desejo sexual hipoativo, que foram randomizadas para receber Flibanserina, 100 mg/dia, por até 24 semanas, ou placebo. A média de idade das participantes era de 36 anos. Questionários sobre a sexualidade foram aplicados antes e ao final do estudo. No geral, as mulheres que usaram a medicação experimentaram melhora significativa de alguns parâmetros sexuais. Em particular elas relataram maior número de eventos sexuais qualificados como satisfatórios e menos estresse relacionado à disfunção sexual. Mas como nem tudo é perfeito, o número de efeitos colaterais não foi desprezível e quase 10% das mulheres pararam de tomar a droga por não tolerá-los. E aí é que entra parte da polêmica sobre a droga. Embora feministas tenham batalhado pela aprovação da droga, inclusive por meio do site www.eventhescore.org, alegando igualdade de direitos, não está bem claro para o meio acadêmico se os benefícios compensam os riscos. Outros estudos já haviam sugerido que o benefício é pequeno, pouco superior ao observado com placebo, e que, portanto, o risco não se justifica.
A esta altura do campeonato, nem interessa se a droga, originalmente indicada para tratar depressão, já havia sido recusada, desde 2010, pela própria FDA. A expectativa de melhora da libido feminina é um tratamento que interessa a muitas mulheres. E convenhamos, a muitos homens, parceiros destas mulheres, também. A questão a ser esclarecida, em pesquisas futuras é se a medicação é ao mesmo tempo eficaz e sem efeitos colaterais. Porque, como todo mundo deve concordar, é difícil pensar em sexo quanto se está passando mal.
(Katz et al. Efficacy of flibanserin in women with hypoactive sexual desire disorder: results from the BEGONIA trial. J Sex Med. 2013l;10(7):1807-15)
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