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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Mudança no estilo de vida ameniza ondas de calor na menopausa

Alexandre Faisal

28/10/2015 11h19

Os fogachos (ondas de calor) são muito comuns na transição para menopausa. Um estudo americano avalia os fatores associados ao problema e revela como o estilo de vida pode ser importante

Você mudaria seu estilo de vida para tratar as ondas de calor da menopausa? Clique aqui para votar

         Onda de calor é o sintoma mais prevalente e mais incômodo para as mulheres durante a transição para a menopausa. O impacto negativo do sintoma é bem conhecido e inclui alteração do padrão do sono, do humor, declínio da atividade sexual e perda de produtividade. Estimativas recentes sugerem que até 80% das mulheres sofrem com o problema durante a meia-idade e que, em média, os sintomas duram aproximadamente 10 anos. Isso mesmo 10 anos. Existem estratégias bem efetivas de tratamento, ainda que muitas mulheres se oponham ou não possam fazer uso de tratamento de reposição hormonal. Muitas preferem tentar modificar comportamento e buscar dietas em vez de usar medicamentos.

          Um estudo americano procurou examinar as associações de características demográficas, comportamentos, e concentrações hormonais com diversos aspectos das ondas de calor, entre eles intensidade, duração e frequência. Foram usados dados de 732 mulheres com idade entre 45 e 54 anos que faziam parte do estudo Midlife Women's Health Study. Coleta de sangue domiciliar, realização de US vagina e questionários foram usados na pesquisa. Vejamos os resultados: cerca de 45% das participantes relataram ter ondas de calor nesta fase da vida. Dentre os fatores associados com a presença de ondas de calor foram listados: idade avançada, estar perto ou ter recentemente passado pela menopausa, tabagismo atual e passado, e os sintomas depressivos. Além disso, a história do uso de contraceptivos orais também se associou  ao maior risco de apresentar o problema. Por outro lado, maior consumo atual de álcool  mostrou ser fator de proteção. inclusive das ondas de calor mais intensas. Os efeitos opostos do tabagismo, aumentado o risco e do consumo do álcool, diminuindo o risco, podem ser explicados pelos respectivos decréscimo e acréscimo do hormônio estrogênico, o provável causador dos sintomas. Na pesquisa ondas de calor estavam claramente relacionadas à diminuição do estrôgeno endógeno. Quanto a associação positiva entre sintomas depressivos e ondas de calor imagina-se uma etiologia comum entre ambas ou alternativamente que mulheres deprimidas ou estressadas tenham limiar mais baixo para relatar os sintomas vasomotores.

          O estudo tem o mérito de identificar nas mulheres de meia idade os fatores de risco para  ondas de calor, possibilitando que elas eliminem aqueles prejudiciais e incrementem os benéficos. Tudo isso para não esquentar a cabeça e o corpo com a menopausa.

(Gallicchio et al. Risk factors for hot flashes among women undergoing the menopausal transition: baseline results from the Midlife Women's Health Study. Menopause. 2015; 22(10):1098-107)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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