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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Será que idade materna tem impacto negativo na gestação de gêmeos?

Alexandre Faisal

15/09/2017 11h54

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As gestações nos extremos da vida, na adolescência ou após os 35 anos estão igualmente associadas à diversas complicações materno-fetais, com destaque para parto prematuro e morte perinatal do feto.  O mesmo ocorre com a gestação gemelar.  E o número de gestações gemelares aumenta após os 35 anos de idade tanto pela maior número de filhos da mulher nesta fase da vida, quanto pelos tratamentos de fertilidade. No entanto, há carência de estudos relacionando o grau de impacto da idade materna nos limites da vida reprodutiva e diversos resultados obstétricos. Pois bem, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Columbia, em Nova York, procurou avaliar a relação entre idade materna e risco de parto prematuro, morte fetal e morte neonatal em gestações gemelares. Eles usaram dados populacionais dos EUA, sobre nascimentos e desfechos obstétricos no período de 2007 a 2013, das gestações de gêmeos. A idade materna foi categorizada em diversas faixas dos 15 aos 17 até 40 anos ou mais.

Os principais resultados incluíram parto prematuro, morte fetal e morte da criança até 28 dias de vida. No total foram analisados dados de mais de 955 mil nascimentos vivos de gêmeos. Um dos resultados que mais chama a atenção é a queda progressiva no risco de morte fetal à medida que aumentava a idade materna. Por exemplo, o risco de morte fetal variou de 39,9 por 1000 nascidos vivos para mulheres de 15 a17 anos a 15,8 para mulheres maiores de 40 anos. O mesmo fenômeno ocorreu em relação ao óbito do bebê até 28 dias de vida. Isso foi mais comum nas mulheres mais jovens na comparação com as mais velhas. (10 x 4.6/por mil nascidos vivos). Quanto ao parto prematuro ele ocorreu mais frequentemente nos extremos da vida, abaixo dos 17 anos e acima dos 40 anos. Os autores discutem limitações do estudo que incluem a ausência de controle de outras que poderiam confundir os resultados, características da gemelaridade (se mono ou dizigóticos) e tratamentos disponibilizados para os bebês após nascimento. No entanto, a principal conclusão, que tem tudo para agradar as mamães de gêmeos, é que o prognóstico da gestação gemelar é bastante favorável. Mesmo que a gestante seja mais velha, ou seja, com mais de 35 ou 40 anos. Ou melhor, principalmente se ela gestante for  mais velha.

A explicação pode estar na pior qualidade dos cuidados obstétricos dispensados as gestantes adolescentes. Mas estes resultados tão animadores exigem cautela na sua interpretação já que, no geral, os riscos da gestação gemelar são, claramente, maiores na comparação com a gestação de feto único.  Mas muitas gestantes mais velhas, futuras mamães de gêmeos, podem com razão argumentar que esta é outra história.

(McLennan AS, Gyamfi-Bannerman C, Ananth CV, et al. The role of maternal age in twin pregnancy outcomes. Am J Obstet Gynecol 2017;217:80.e1-8)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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