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Blog do Dr. Alexandre Faisal

Em maio, dia mundial de combate ao câncer de ovário

Alexandre Faisal

11/05/2018 12h42

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O tema não ocupa muito o noticiário mas trata-se de um sério problema para a saúde da mulher. Nada melhor do que ter um dia para a conscientização da população. O dia 8 de maio é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Ovário, que é considerado o tipo mais agressivo dos tumores femininos. Mais de 6 mil casos são estimados para os anos de 2018 e 2019, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Dados nacionais estimam um risco de 6 casos novos para cada 100 mil mulheres por ano. As estimativas americanas são ainda piores: 11.4 casos novos por  100 mil mulheres por ano, levando em conta ajuste para a idade. Nos EUA é a quinta causa de morte por câncer em mulheres, mas é a principal causa de morte por câncer ginecológico. Mais de 95% dos casos ocorrem após os 45 anos de idade, e é mais importante na sexta década de vida. Uma das dificuldades no diagnóstico precoce e consequentemente no tratamento/prognóstico é a ausência de sintomas típicos nas fases iniciais. Muitas vezes está assintomática. Apenas nas fases tardias surgem queixas como dor e aumento do volume abdominal, perda de peso, fadiga, mudança no funcionamento do intestino e dor durante a relação sexual. A questão que pode estar passando na cabeça das mulheres é o que fazer parar diagnosticar a doença precocemente, antes do aparecimento dos sintomas. A resposta não é nada animadora.

Uma publicação recente da USTask Force revisou uma recomendação de 2012 na qual contraindicavam o rastreamento, ou seja, o diagnóstico em mulheres assintomáticas. E a conclusão foi a mesma: o rastreamento por meio do uso do ultrassom ou do marcador CA 125, uma proteína, não reduzem a mortalidade associada à doença. Mesmo o exame pélvico, o toque ginecológico, não funciona bem. Pior ainda, há risco de resultados falsos positivos, na casa de 12%, ou seja, o resultado sugere risco da doença quando ela , de fato, não existe. Os procedimentos cirúrgicos decorrentes do resultado falso positivo podem ter grande impacto emocional. A Força Tarefa americana destaca que estas recomendações valem para mulheres de baixo risco, assintomáticas. E não se aplicam a mulheres com história de câncer de mama, história familiar importante de câncer e mutações genéticas nos genes BRCA1 e 2.

Se a recomendação da entidade americana pode soar desapontadora, há luz no fundo do túnel. Há avanços no tratamento quimioterápico, coma maior sobrevida das mulheres diagnosticadas. A ideia é retirar do câncer de ovário o estigma de sentença de morte. Para isso a informação e a conscientização do problema são poderosas ferramentas. No dia 8 de maio e em todos os dias do ano.

(US Preventive Services Task Force, Grossman et al.  Screening for Ovarian Cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. . JAMA. 2018 Feb 13;319(6):588-594. doi: 10.1001/jama.2017.21926.)

Sobre o Autor

Alexandre Faisal é ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP (FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas e eventos.

Sobre o Blog

Acompanhe os boletins do "Saúde feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa, adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc. Aproveite.

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