Adolescente aos 25 anos de idade?
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Uma proposta recente de pesquisadores americanos e australianos tem tudo para agradar os jovens no mundo inteiro: estender o período da adolescência para até 25 anos. Contestando assim a própria definição de adolescência da Organização Mundial de Saúde que considera esta fase da vida com período de mudanças biopsicosociais que vão dos 10 aos 19 anos de idade. Mas vale lembrar que a definição é de 1965 e de lá para cá as coisas mudaram bastante. Mudaram do ponto de vista biológico já que a puberdade que marca esta transição entre infância e início da adolescência está começando cada vez mais cedo. Nas meninas isso é muito evidente vez que a menarca, ou a primeira menstruação, que ocorria ao redor dos 14/15 anos há 50 anos, hoje acontece por volta dos 11 ou 12 anos na maioria dos países. A nutrição das meninas é uma das explicações para este fenômeno.
Do outro lado deste espectro, o final da adolescência é tipicamente um fato psicosocial, com a entrada do jovem no mercado de trabalho, estabelecimento de relações sociais e amorosas e assunção de diferentes competências. Mas ao contrário de décadas passadas, os jovens estão ficando muitos mais anos na escola, especializando-se e contando para isso com a ajuda dos pais. Em particular com ajuda econômica. Casamento então nem se fale. A idade média das mulheres no primeiro casamento aumentou em dois anos globalmente nas últimas duas décadas. No Brasil, a idade média aumentou em 6 anos, para 27 anos, e em vários países europeus a idade está subindo acima dos 30 anos. O outro fato que ajuda a defender um período tão longo para a adolescência, como jamais visto na história da humanidade, é a melhor compreensão de mudanças anatômicas e funcionais dos cérebros dos jovens: mudanças na forma das sinapses, nos mecanismos de neurotransmissão, crescimento de redes neuronais e aumento da conectividade funcional entre as regiões corticais implicadas no controle cognitivo (pensamento, reflexão, perseverança) e nos gânglios da base (relacionadas mais às regiões afetivas e emoções), o que modifica a forma como o jovem toma uma decisão.
Sabe-se, hoje, que há forte associação entre mudanças estruturais e funcionais no cérebro e comportamentos, tais como aumento da procura de sensações, busca de status e prestígio entre os amigos além dos já conhecidos interesses sexuais e românticos. Para os cientistas trata-se de oportunidade única de realizar um ciclo virtuoso onde a maturação cerebral permite o aprendizado/conhecimento e este por sua vez favorece as mudanças cerebrais. Esta história tem tudo para agradar 1/6 da atual população mundial, os próprios adolescentes. Cabe avaliar o que pensam os educadores e pais desta nova proposta. Lá em casa eu fico imaginando que trocarei 2 adultos que podem pagar as contas por 2 adolescentes que vão continuar recebendo uma mesada.
(Sawye et al. The age of adolescence. Lancet Child Adolesc Health 2018; Dahl et al. Importance of investing in adolescence from a developmental science perspective. Nature, 554:441-50, 2018)
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