Câncer de colo uterino será raridade na Austrália em 20 anos
Pense num país na liderança da prevenção do câncer de colo uterino. Se a resposta é a Austrália você acertou. A explicação está numa recente publicação do periódico Lancet, que contou com a participação de pesquisadores de várias universidades locais: Brisbane, Sidney e Melbourne. Antes vale lembrar que a ONU declarou em maio de 2018 que uma ação coordenada globalmente deveria eliminar o câncer do colo do útero. A Austrália deve chegar lá em breve. Em 2007, o país foi um dos primeiros países a introduzir um programa nacional de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e, desde então, alcançou uma alta cobertura vacinal em ambos os sexos, superior a 83%. Atualmente, a vacina cobre 9 tipos de vírus, em oposição à vacina anterior que cobria 4 tipos, sendo potencialmente mais efetiva na prevenção do câncer de colo uterino. Em dezembro de 2017, o rastreamento (ou seja, detecção do câncer em mulheres assintomáticas) cervical passou de triagem baseada em citologia (o conhecido teste de Papanicolau), a cada dois anos, para mulheres de 18 a 69 anos, para pesquisa do próprio HPV, a cada cinco anos, para mulheres de 25 a 69 anos.
Os autores do estudo utilizaram estes dados, além dos conhecimentos sobre a história natural da doença (o período provável entre a infecção pelo HPV e o surgimento do câncer) para compor modelo matemático. O objetivo foi identificar em que momento, ou seja, quando, a incidência anual padronizada do câncer do colo do útero na Austrália poderia ser ainda menor que os atuais 7 casos por 100.000 mulheres. Mais especificamente, uma incidência menor do que 6, 4 ou mesmo 1 novo caso por 100.000 mulheres. A pesquisa sugere que isso ocorrerá, respectivamente, até os anos 2022, 2035 e 2077. Por se tratar de um modelo há variações nas estimativas e precondições para o cálculo, tais como manutenção da cobertura vacinal em meninas e meninos.
De modo resumido, pode-se esperar que em 20 anos a Austrália elimine o câncer do colo do útero como problema de saúde pública. As mortes por este tipo de câncer serão coisa do passado. Neste momento, até os exames preventivos poderão se tornar desnecessários. Neste cenário, a preocupação das políticas públicas mudará de foco e recairá sobre as estratégias efetivas de comunicação, com os jovens, para manter altas taxas de cobertura da vacina contra o HPV. Um benefício, que vale destacar, protege até quem não se vacinou já que eliminação do vírus nos vacinados evita sua propagação por meio do ato sexual para os não vacinados. Viva a Austrália.
(Hall et al. The projected timeframe until cervical cancer elimination in Australia: a modelling study. Lancet Public Health 2018)
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