No Brasil, testagem de HIV em trabalhadoras do sexo ainda é baixa
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No Brasil, estima-se que as Mulheres Trabalhadoras do Sexo (MTS) representem 0,8% da população feminina de 15 a 49 anos, o que significa cerca de meio milhão de mulheres. A prostituição não é considerada como um crime de acordo com nossa legislação, desde que a mulher tenha mais de 18 anos. No entanto, MTS experimentam discriminação, violência física e sexual, fatores que se associam com desfechos adversos à saúde. Mais ainda, elas são particularmente afetadas pelo HIV. Contribuem para isso, as práticas sexuais desprotegidas e a multiplicidade de parceiros. Desde o início da epidemia de HIV/aids no Brasil, nos anos 1980, a prevalência de HIV permaneceu em níveis inferiores a 1% na população geral, mas em alguns grupo de risco, como as MTS, as taxas são mais altas.
Um estudo nacional publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia procurou avaliar os fatores associados ao teste periódico de HIV em MTS. Esta informação é fundamental para expandir a cobertura de testagem e ampliar os programas de prevenção/tratamento. Os autores ligados à Fundação Oswaldo Cruz, no Recife e Rio de Janeiro e à Universidade Federal da Bahia usaram dados de 4.328 MTS, recrutadas em 12 cidades brasileiras, em 2016. Eles estimaram as prevalências de realização do teste de HIV no último ano e do teste periódico, bem como os fatores associados à testagem regular de HIV. Em relação ao local de trabalho das MTS, 14% trabalhavam em bares e boates e 46% em pontos de rua. Quanto aos resultados, a cobertura de teste no último ano foi de 39,3%. Apenas 13,5% das MTS relataram ter realizado teste periódico de HIV no último ano. Entre os fatores associados à maior probabilidade de realização de teste de HIV no último ano estão o melhor nível de instrução, o fato de morar com companheiro, trabalhar em lugares fechados, o uso consistente de preservativo, e o uso regular de serviço de saúde público e privado. Ao comparar os resultados atuais com os de 2009 observa-se que houve aumento importante da cobertura do teste de HIV no Brasil. A proporção de MTS testadas para o HIV pelo menos uma vez na vida cresceu de 64,4% para 77,3%. Isso, no entanto, não significa que a cobertura do teste atual, menor que 40%, seja ideal. Pelo contrário, muitas MTS seguem sem diagnóstico do HIV, com risco de disseminação da doença. Mas um resultado merece celebração. A associação da testagem periódica de HIV com o fato de ter uma fonte usual de cuidado (serviço público ou privado) mostra que a utilização de programas e serviços de assistência à saúde pode promover a realização periódica dos testes de HIV, em MTS.
Resta, então, enfrentar o estigma e discriminação que atuam como barreiras importantes e dificultam o uso regular de serviços de saúde. O medo da exposição pública e das atitudes negativas dos profissionais de saúde podem influenciar este tipo de atitude das MTS. Os autores tem uma sugestão final: expandir campanhas de conscientização, sobretudo entre as MTS com baixo nível de instrução e maior vulnerabilidade, com o intuito de ampliar a importância da testagem periódica e os cuidados regulares de saúde.
(BritoI et al. Cobertura de teste anti-HIV entre mulheres trabalhadoras do sexo, Brasil, 2016. Rev Bras Epidemio 2019)
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