Mais de 6 meses de aleitamento reduz risco de menopausa precoce em 28%
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A menopausa antes dos 40 ou 45 anos de idade afeta aproximadamente 1% e 10% das mulheres nas populações ocidentais. Mulheres que experimentam menopausa precocemente correm maior risco de mortalidade prematura, declínio cognitivo, osteoporose e doenças cardiovasculares. O processo de envelhecimento reprodutivo é caracterizado pela diminuição gradual da quantidade e qualidade dos oócitos dentro dos folículos ovarianos. Muitos estudos citam fatores associados à menopausa precoce incluindo estilo de vida e história familiar. Mas existem ainda muitas dúvidas sobre o impacto do número de filhos e do aleitamento sobre a menopausa precoce. Um estudo recém-publicado no periódico JAMA, liderado por pesquisadores da University of Massachusetts, nos USA, procurou esclarecer esta interessante questão.
Os autores usaram dados da Nurses' Health Study II cohort, de 1989 a 2015, que incluiu mulheres na pré-menopausa, com idades entre 25 e 42 anos. O acompanhamento continuou até a menopausa, idade de 45 anos, histerectomia, ooforectomia, morte, diagnóstico de câncer, perda de seguimento, ou o final do estudo. Eles levaram em conta a paridade (isto é, número de gestações com duração de 6 meses) e o histórico de aleitamento materno total e exclusivo durante o seguimento. Outras variáveis avaliadas incluíram a presença de obesidade, tabagismo, uso de contraceptivo oral, infertilidade e fatores alimentares, incluindo porcentagem de proteína vegetal ingestão, quantidade de vitamina D de alimentos, suplementos e ingestão de álcool. Menopausa natural aos 45 anos foi o desfecho de interesse. No início do estudo, as 108.887 participantes tinham idade média de 34 anos. Vamos aos resultados. A maior paridade foi associada a menor risco de menopausa precoce. Comparando com as mulheres sem filhos (nulíparas), as mulheres que relataram 1, 2, 3 e 4 ou mais gestações com duração de pelo menos 6 meses apresentaram taxas de risco para menopausa precoce menores com diminuição progressiva de 8 a 19% do risco de menopausa aos 45 anos. Quanto ao aleitamento materno, o mesmo fenômeno: quanto mais longo aleitamento menor o risco. Para aleitamento materno exclusivo, na comparação com 1 mês de aleitamento, o aleitamento entre 1 a 6 meses reduziu o risco em 5%, mas o aleitamento entre 7 e 12 meses reduziu o risco em 28%. Uma curiosidade, a redução do risco de menopausa foi mais evidente nas mulheres com aleitamento exclusivo na comparação com aleitamento total (que inclui outros tipos de aleitamento). A explicação pode estar no fato de que a amamentação exclusiva tem mais chances de suprimir a ovulação e, assim, diminuir a depleção do pool ovariano. Quando a amamentação é frequente e são produzidos maiores volumes de leite materno (como no caso da amamentação exclusiva), a secreção de hormônio folículo-estimulante e o hormônio luteinizante é inibida, enquanto a secreção do hormônio prolactina é estimulada. Isso pode diminuir a capacidade de resposta dos ovários aos hormônios, inibindo a ovulação.
A pesquisa, no entanto, não elucida claramente o mecanismo biológico envolvido nestes resultados, Mas convenhamos isso importa pouco já que com pelo menos 6 meses de aleitamento todo mundo ganha: mães e, é claro, os seus bebês.
(Langton et al. Association of Parity and Breastfeeding With Risk of Early Natural Menopause , JAMA Network Open. 2020;3(1):e1919615. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.19615)
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