Mães tem papel fundamental na cobertura vacinal contra HPV
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O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022 sejam diagnosticados 16.590 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres. Ao lado do câncer de mama, pulmão e colon/retal é um dos mais importantes. É um câncer que pode ser prevenido por meio de exame e vacinação. Desde março de 2014, a vacina quadrivalente (6, 11, 16 e 18) contra o HPV foi incorporada ao Sistema Público de Saúde Brasileiro e passou a ser oferecido, sem custos diretos, para meninas de 9 a 13 anos. Existem muitas evidências de que a vacinação reduz a progressão da doença e admite-se que pode evita-la na sua totalidade. Até mesmo 1 dose parece ser eficaz, ainda que o esquema inicial preconize 3 ou mais recentemente 2 doses. Países como Austrália já imaginam a erradicação do câncer de colo em alguns anos por meio de vacinação e rastreamento com exames (Papanicolau e captura híbrida). Uma publicação nacional no periódico BMC Public Health aborda a cobertura vacinal em meninas e fatores associados a esta cobertura. Nós do Departamento de Medicina Preventiva da USP procuramos avaliar a abrangência da cobertura vacinal em 2 grupos de meninas: jovens de 9 a 13 (alvo do programa nacional) e maiores do que 13 anos (que não estavam incluídas na política pública do MS). Estas adolescentes teriam a opção de serem vacinados no sistema privado de saúde, sendo responsáveis pelo pagamento da vacina contra o HPV. Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar de Adolescentes (PENSE), realizada em 2015, que envolveu uma amostra de 5404 adolescentes do sexo feminino de escolas públicas e privadas. Foram analisados características sociodemográficas, comportamento sexual e percepção do entrevistado sobre o grau de preocupação e supervisão dos pais. O resultado mais importante mostra que a cobertura da vacina contra o HPV foi de 83,5 e 21,8% entre as populações elegíveis e não elegíveis, respectivamente. Nas duas populações, a chance de ser vacinado diminuiu com a idade mais avançada. A: No geral, a cobertura vacinal não se associou com a percepção das jovens sobre grau de supervisão e preocupação dos pais. Na população não elegível (meninas mais velhas) houve uma associação clara entre maior cobertura vacinal e maior educação materna e convivência apenas com o pai. Filhas de mães com formação de nível superior tinham 40% mais chance de terem sido vacinadas e Adolescentes que moravam apenas com o pai tinham 50% de redução da chance de terem sido vacinadas. A explicação passa pela importância da escolaridade materna como fonte de informação e conhecimento que pode ser transferido aos cuidados dos filhos. Esta mulher tem confiança na vacinação e sabe da importância de oferecer este cuidado à filha. Obviamente escolaridade se associa com renda/disponibilidade financeira para pagar a vacinação e isso pode ser uma barreira para algumas mulheres. E de modo, o estudo sugere que nos lares com apenas um parente (mãe ou pai) o cuidado materno é mais importante neste aspecto. A implicação do estudo é clara. A atual política pública (meninas 9 a 14 e meninos 11 a 14) têm sido eficaz, mas as meninas que ficaram fora desta política precisam ser seguidas por meio dos exames preventivos.
(Faisal-Cury et al. Vaccination coverage rates and predictors of HPV vaccination among eligible and non-eligible female adolescents at the Brazilian HPV vaccination public program. BMC Public Health (2020) 20:458 https://doi.org/10.1186/s12889-020-08561-4)
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