Profissionais de saúde perguntam sobre depressão na gravidez/pós-parto?
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Os transtornos mentais são complicações comuns na gestação e estão relacionados a aproximadamente 9% de mortes relacionadas à gravidez. Mulheres deprimidas após o parto apresentam menores taxas de início da amamentação, dificuldades importantes no vínculo materno-infantil e maior probabilidade de bebês apresentarem atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Se não tratada, a depressão pós-parto pode afetar adversamente a saúde da mãe e do bebê. No entanto, há opções efetivas de tratamento para a depressão perinatal. Há alguns anos, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) recomenda que os prestadores de cuidados obstétricos examinem os pacientes em busca de sintomas de depressão e ansiedade pelo menos uma vez durante o período perinatal e também realizem uma avaliação completa do humor e bem-estar emocional durante a visita pós-parto. Outras sociedades médicas seguem a mesma recomendação. Mas será que isso está ocorrendo?. Responder esta questão foi o objetivo de um artigo do CDC, na publicação Morbidity and Mortality Weekly Report.
Os pesquisadores da Division of Reproductive Health do CDC analisaram dados de 2018 do Sistema de Monitoramento de Avaliação de Risco na Gravidez para descrever sintomas depressivos pós-parto (DPP) entre mulheres com um nascimento vivo recente e para avaliar se os prestadores de cuidados de saúde perguntaram às mulheres sobre depressão durante as consultas de saúde pré e pós-parto, por local e maternidade e características infantis. Vamos aos resultados: Entre as entrevistadas de 31 locais, a prevalência de DPP foi de 13,2% (variação de 9,7%, em Illinois à 23,5%, no Mississippi). A prevalência de DPP excedeu 20% entre as mulheres com idade ≤19 anos, indígenas/nativas do Alasca, fumantes durante ou após a gravidez, que sofreram violência por parceiro íntimo antes ou durante a gravidez, com histórico de depressão autorreferida antes ou durante a gravidez ou cujo bebê morreu ao nascer. A prevalência de mulheres que relataram que um profissional de saúde perguntou sobre depressão durante as consultas de pré-natal foi de 79,1% no geral, variando de 51,3% em Porto Rico a 90,7% no Alasca. A prevalência de mulheres que relataram que um profissional perguntou sobre depressão durante as consultas pós-parto foi de 87,4% no geral, variando de 50,7% em Porto Rico a 96,2% em Vermont.
Os resultados são bons, mas podem ser melhorados. Se a DPP varia de acordo com o local e as características maternas e infantis, a porcentagem de profissionais de saúde que perguntam às mulheres sobre depressão perinatal também não é consistente entre os diferentes locais. E isso é algo para se lamentar já que o diagnóstico precoce possibilita o tratamento precoce e eficaz da depressão, com redução dos efeitos negativos sobre a mãe o bebê. No Brasil não temos estudos avaliando este aspecto da assistência obstétrica, mas provavelmente ficaremos aquém das estatísticas americanas. Pior para nós, para as mamães e seus bebês.
(Bauman et al. Vital Signs: Postpartum Depressive Symptoms and Provider Discussions About Perinatal Depression — United States, 2018. US Department of Health and Human Services/Centers for Disease Control and Prevention MMWR 2020, 69, 19:575-581)
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