Manter distância de 1 metro reduz risco de infecção do COVID em 82%.
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No final de maio, a síndrome respiratória aguda grave causada pelo coronavírus 2 (SARS-CoV-2) já havia infectado mais de 5·85 milhões de pessoas em todo o mundo e havia sido responsável pela morte de mais de 359.000 pessoas. A disseminação do COVID19 continua firme no Brasil com crescente número de mortos e adesão cada vez menor às medidas de isolamento social. E, por enquanto, não temos tratamentos eficazes e vacina capaz de nos imunizar. Neste momento cabe reavaliar as medidas de prevenção as quais, felizmente, a maioria das pessoas acredita ainda que nem todas adotem. Estamos falando de uso de máscara, proteção facial e distanciamento social. Será que isso, de fato, funciona?. Dá para estimar qual é a real proteção que estas medidas nos proporcionam?. Pois bem, uma publicação do Lancet acaba de desvendar um pouco deste mistério.
Pesquisadores da McMaster University, de Ontário, Canadá realizaram uma meta-análise para investigar a distância ideal, o uso de máscara e proteção ocular para evitar a transmissão pessoa para pessoa do vírus em ambientes de assistência médica e ambientes não assistenciais (por exemplo, na comunidade). Os cálculos foram baseados em dados para SARS-CoV-2 e os betacoronavírus que causam síndrome respiratória aguda grave de sites específicos da OMS e sobre COVID-19, desde maio de 2020, sem restrição de idioma. A pesquisa identificou 172 estudos observacionais em 16 países e seis continentes. Não foram encontrados ensaios clínicos, o tipo de estudo mais indicado para avaliara eficácia de medidas profiláticas ou terapêuticas, sobre o tema, mas foram incluídos 44 estudos comparativos em instituições de saúde versus não hospitalares/de saúde. O total de participantes foi de 25697. Quantos os resultados, boas notícias. A transmissão de vírus foi menor com distanciamento físico de 1 m ou mais, em comparação com uma distância menor que 1 m. A redução do risco de transmissão foi de 82% (variando de 62% a 91%). A proteção foi ainda maior com o aumento da distância, como, por exemplo, 2 metros ou mais. Já o uso da máscara facial se associou com uma grande redução no risco de infecção: 85% (variando de 66% a 93%) com maior proteção com as máscaras do tipo N95 na comparação com máscaras cirúrgicas descartáveis ou similares (por exemplo, máscaras de algodão de 12 a 16 camadas). A proteção ocular também se associou com menos infecção: 78% de redução do risco. O grau de certeza destas evidências varia, sendo maior para o uso da distância social do que para protetor ocular.
Os resultados reforçam políticas públicas e assistências para enfrentamento da pandemia sobre manter distância social e usar proteção facial (máscara e ocular) nos ambientes de cuidados de saúde e na sociedade, de modo geral. Curiosamente os autores concluem o artigo afirmando que nenhuma destas intervenções oferece proteção completa contra a infecção, defendem o uso da higiene das mãos, avaliação dos riscos de cada contexto e a realização de novos estudos objetivando melhor compreensão da doença. Uma dose de humildade, prudência e sabedoria que anda faltando a muitas pessoas e gestores públicos.
(Chu et al. Physical distancing, face masks, and eye protection to prevent person-to-person transmission of SARS-CoV-2 and COVID-19: a systematic review and meta-analysis. Lancet, 2020. https://doi.org/10.1016/ S0140-6736(20)31142-9)
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