Relação conjugal/sexual ruim se associa com depressão materna tardia
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Depressão pós-parto (DPP) pode se estender por meses e, eventualmente, anos causando uma série de transtornos para o bebê/criança, para a mulher e para o núcleo familiar, incluindo o pai da criança/parceiro da mulher. Estudos indicam que até 20 ou 25% das mulheres sofrem de sintomas depressivos no puerpério, ainda que muitas apresentem os primeiros sintomas antes ou durante a gestação. Ao final do primeiro ano de vida do bebê muitas mulheres ainda estão deprimidas. Conhecer os fatores psicossociais associados à DPP, após 1 ano do parto, é fundamental para a abordagem preventiva e terapêutica do problema. A lista de fatores é grande e inclui questões socioeconômicas, aspectos psicológicos individuais, eventos estressantes e claro a dinâmica da relação marido-mulher, que frequentemente se altera após chegada do bebê.
Um estudo brasileiro, publicado no periódico Brazilian Journal of Psychiatry, procurou examinar a associação entre qualidade do relacionamento com o parceiro e declínio da vida sexual após parto com a DPP materna entre 12 e 15 meses após o parto. Na pesquisa foram seguidas 294 puérperas de baixa renda da cidade de São Paulo, avaliadas por meio de questionário estruturado e de instrumento para mensuração da DPP. Os resultados mais importantes mostram que DPP entre 12 e 125 meses após parto é comum: 19,1% das mulheres apresentavam sintomas depressivos. Mais interessante ainda foi a constatação de que a baixa qualidade do relacionamento com o parceiro aumentava o risco da DPP em 58%. Do mesmo modo, mulheres que referiam piora da vida sexual após o parto apresentavam o dobro do risco para DPP na comparação com mulheres que não reclamaram da piora da vida sexual.
Estes resultados não foram influenciados pela presença de depressão na gravidez ou pós-parto, sugerindo que uma vida marital e sexual insatisfatória pode afetar o humor das mulheres ao final do primeiro ano de vida da o bebê. Isso sugere também que melhorar o relacionamento conjugal, incluindo a dinâmica sexual, logo após o parto pode prevenir casos de DPP tardia e suas temíveis consequências. Diversas modalidades de tratamento psicológico podem ser empregadas para promover o bem-estar do casal. Além do ganho potencial imediato destas terapias para o casal, elas podem evitar casos tardios de depressão materna. Neste caso, se é bom para o marido e bebê, é duplamente bom para a mulher.
(Faisal-Cury, Tabb & Matijasevich. Partner relationship quality predicts later postpartum depression independently of the chronicity of depressive symptoms. Braz J Psychiatry 2020, doi: 10.1590/1516-4446-2019-0764)
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