Terapia mente-corpo reduz o estresse de gestantes?
A gravidez, via de regra, é um momento mágico na vida da mulher. Apesar do grande número de mudanças (biológicas, psicossociais, ambientais e socioeconômicas), as mulheres e seus parceiros experimentam frequentemente sensação de plenitude e bem-estar. Mas adaptações, física, mental e social, são necessárias. E isso gera, por si só, estresse. Estudos sugerem que o estresse crônico e persistente pode ser danoso ao organismo. Como o uso de medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos tem restrições em função dos riscos ao feto e da própria relutância das gestantes, existe um enorme interesse em terapias alternativas. Intervenções corpo-mente (MBIs) constituem uma parte importante do uso geral de terapias não farmacológicas, que se concentram nas interações entre o cérebro, mente, corpo e comportamento e visam aumentar a capacidade da mente de interferir nas funções e sintomas corporais. Será que esta terapias funcionam na redução do estresse em grávidas?.
Uma revisão sistemática conduzida por pesquisadores da Jilin University na China, procurou esclarecer esta importante questão. Foram incluídos na análise 28 ensaios clínicos sobre intervenções mente-corpo na redução do estresse que juntos somaram 1944 participantes. O resultado mais importante mostra houve melhora do estresse pré-natal de mulheres grávidas nos grupos de intervenções mente-corpo na comparação com os grupos controle . As análises indicaram que todos os tipos de intervenções mente-corpo, incluindo intervenção mindfulness, terapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento e ioga foram benéficos para o estresse pré-natal. Ambos os grupos e formatos individuais de intervenções mente-corpo foram eficazes. Quanto à duração da terapia mente-corpo, as intervenções de 4 a 8 semanas pareceram ser a melhor escolha. Outro dado positivo, as intervenções mente-corpo também reduziram depressão antenatal. Os autores concluem afirmando que as intervenções mente-corpo são abordagens promissoras para a redução do estresse em mulheres grávidas. No entanto, os resultados devem ser interpretados com cautela devido à alta heterogeneidade e viés de publicação (onde apenas resultados positivos são, de fato, publicados).
Uma grande limitação neste tipo de estudo é a impossibilidade/dificuldade de cegamento das participantes e dos próprios pesquisadores sobre a participação em um dos grupos (da terapia-mente corpo ou do grupo controle). Neste caso, a gestante e pesquisador tendem a avaliar favoravelmente a terapia, aumentando, artificialmente, a efetividade intervenção que está sendo avaliada. Isso reforça a necessidade de novos estudos de alta qualidade para verificar os resultados. E vamos torcer para que estas novas pesquisas confirmem as nossas melhores expectativas. Até lá anamasté.
(Guo et al. Mind–body interventions on stress management in pregnant women: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. J. Adv. Nurs. 2020;00:1–22)
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